om um olho no mundo e outro no Recôncavo Baiano, matriz e motriz da obra com que revolve raízes e capta antenas desde a década de 1960, Caetano Emanuel Viana Teles Veloso tem feito a diferença na música brasileira como um dos grandes nomes da MPB.

Nascido em 7 de agosto de 1942, tendo como berço a interiorana Santo Amaro da Purificação (BA), o artista baiano se torna octogenário a partir de hoje sem parecer sentir o peso do tempo na música e na vida. A jovialidade vista o corrente show Meu coco (2022) também transborda no cancioneiro autoral de Caetano Veloso.

No dia do 80ª aniversário do artista, o Blog do Mauro Ferreira lista 80 músicas de Caetano Veloso que atestam a grandeza da obra do compositor.

Por critério, entraram somente músicas compostas por Caetano sem parceiros – o que justifica as ausências de títulos importantes como Divino maravilhoso (1968), São João Xangô menino (1976) e Haiti (1993), três composições, por exemplo, assinadas com Gilberto Gil, amigo de fé na jornada musical.

Também foram excluídas da seleção as músicas compostas mas nunca gravadas por Caetano Veloso, caso de Recanto escuro (2011), composição lançada por Gal Costa e até então regravada somente pela cantora Cida Moreira.

♪ Eis, em ordem cronológica, 80 grandes músicas que expõem as raízes e as antenas da obra de Caetano Veloso:

1. Coração vagabundo (1967) – Canção tramada no violão discípulo de João Gilberto (1931 – 2019).

2. Alegria alegria (1967) – Marcha que bafejou os ventos da Tropicália na era dos festivais.

3. Tropicália (1968) – Música-manifesto do movimento homônimo organizado por Caetano com Gil.

4. Baby (1968) – Você precisa saber da canção feita para Maria Bethânia, mas imortalizada por Gal em gravação com a participação de Caetano.

5. Saudosismo (1968) – Mesmo antenado, o compositor sabe que tem um passado.https://fa970348c13be3abcd9d1c2febf6e012.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

6. Atrás do trio elétrico (1969) – Só quem já morreu nunca escutou essa marcha-frevo que abriu alas no Carnaval da Bahia.

7. Não identificado (1969) – Uma canção para ela, Gal Costa, que também fica linda na voz dele, o autor.

8. Irene (1969) – Risada amplificada pela trilha sonora da novela Véu de noiva (1969).

9. London London (1970) – Flash melancólico do exílio em Londres que ganhou a voz do autor em álbum inglês de 1971.

10. Você não entende nada (1970) – Samba gravado em 1970 por Gal e por Caetano em1972, em disco ao vivo com Chico Buarque.

11. Chuva, suor e cerveja (1971) – Outra marcha-frevo para ir atrás do trio elétrico.

12. De noite na cama (1971) – Samba-rock para Erasmo Carlos gravado pelo autor em discos ao vivo de 1974, 2011 e 2014.

13. Como dois e dois (1971) – Primeira das três músicas dada para Roberto Carlos por Caetano, que somente a gravou pela primeira vez em álbum ao vivo de 2007.

14. A tua presença morena (1971) – Canção escrita para a mana Maria Bethânia e gravada pelo autor em discos de 1975, 1992 e 2018.

15. It’s a long way (1972) – Canção do cultuado álbum Transa (1972).

16. Nine of out ten (1972) – Pioneira menção ao reggae na letra e na sutil citação da levada.

17. You don’t know me – Rock com Bahia em outra música de Transa.

18. Esse cara (1972) – Outra canção escrita para a mana Bethânia, desta vez sob ótica feminina.

19. Lua lua lua lua (1974) – Gal lançou e Caetano lapidou a joia em disco de 1975.

20. Qualquer coisa (1975) – Música-título do álbum-irmão de Joia (1975).

21. Os mais Doces Bárbaros (1976) – Música que preparou a invasão do quarteto fantástico.

22. Um índio (1976) – Um clássico gerado no repertório dos Doces Bárbaros.

23. A filha da Chiquita Bacana (1977) – Outro Carnaval ao som de marcha de Caetano.

24. Odara (1977) – Ode à dança.

25. Gente (1977) – Gente é para brilhar na pista de dança.

26. Tigresa (1977) – Várias musas para uma sensual canção.

27. O leãozinho (1977) – Canção solar para Dadi Carvalho.

28. Alguém cantando (1977) – A voz do coração ressoa em discos ao vivo de 2014 e 2018.

29. Muito romântico (1977) – Noutras palavras, Caetano entende Roberto Carlos.

30. Dom de iludir (1977) – Canção lançada por Maria Creuza, imortalizada por Gal em 1981 e gravada por Caetano em 1986, 2001 e 2012.

31. Terra (1978) – Uma canção redonda.

32. Sampa (1978) – Ronda reverente pela cidade de São Paulo.

33. Tempo de estio (1978) – Na trilha do verão carioca.

34. Força estranha (1978) – A terceira canção do Roberto que é de Caetano.

35. Lua de São Jorge (1979) – Música que ilumina a pista de dança.

36. Oração ao tempo (1979) – Reflexões sobre o tempo rei.

37. Beleza pura (1979) – Ijexá com o calor de Salvador (BA).

38. Menino do Rio (1979) – Canção com o calor do Rio de Janeiro (RJ).

39. Trilhos urbanos (1979) – Uma canção transcendental.

40. Cajuína (1979) – Cristalina canção nordestina.

41. Ela e eu (1979) – Canção para a mana Bethânia que Caetano gravou somente em disco ao vivo de 2018.

42. Nosso estranho amor (1980) – Dueto com Marina Lima para alavancar a carreira da cantora.

43. Escândalo (1981) – Uma canção doída para Angela Ro Ro que Caetano gravou 20 anos depois, em 2001.

44. Meu bem meu mal (1981) – Canção para Gal, gravada por Caetano no álbum Cores, nomes (1982).

45. Outras palavras (1981) – Música-título de disco pop.

46. Nu com a minha música (1981) – A quietude para escutar a deusa música.

47. Rapte-me, camaleoa (1981) – Outra canção do álbum Outras palavras (1981).

48. Minha voz, minha vida (1982) – Canção para Gal que o autor registrou pela primeira vez no álbum Livro (1997).

49. Queixa (1982) – Uma canção assim delicada em embalagem pop.

50. Trem das cores (1982) – Canção nos tons sensuais de Sônia Braga.

51. Luz do sol (1982) – Canção que escapou da tela do cinema para seguir a trilha do Brasil.

52. Eclipse oculto (1983) – Um hit radiofônico do álbum Uns (1983).

53. Você é linda (1983) – Uma canção de amor que diz.

54. Podres poderes (1984) – Rock de atualidade escancarada.

55. O quereres (1984) – Onde queres isso, sou aquilo.

56. Língua (1984) – Samba-rap no idioma de Elza Soares (1930 – 2022).

57. Vaca profana (1984) – Mais uma canção para ela, Gal. Ganharia a voz de Caetano em disco de 1986 para os Estados Unidos.

58. Milagres do povo (1985) – Até quem é ateu se converte a Caetano com esse tema da minissérie Tenda dos milagres (1985).

59. Eu sou neguinha? (1987) – Letra polêmica para canção propagada por Cássia Eller (1962 – 2001) em 1996 e por Vanessa da Mata em 2004.

60. O ciúme (1987) – A grande canção do álbum Caetano (1987).

61. O estrangeiro (1989) – O espírito tropicalista paira na canção-título do álbum de 1989.

62. Genipapo absoluto (1989) – Canção que acende fogueiras nas memórias juninas.

63. Reconvexo (1989) – Na roda de Santo Amaro em samba lançado por Bethânia e gravado por Caetano em discos ao vivo de 2014 e 2018.

64. Fora da ordem (1991) – Caetano sempre na ordem do dia.

65. Desde que o samba é samba (1993) – Samba atemporal do álbum Tropicália 2 (1993).

66. Onde o Rio é mais baiano (1994) – Samba que exalta a Mangueira, lançado por Alcione e gravado pelo autor em 1997.

67. A luz de Tieta (1996) – Samba-reggae que se tornou o último grande hit autoral do compositor.

68. Não enche (1997) – Samba-reggae na cola do sucesso de A luz de Tieta.

69. Rock’n’Raul (2000) – O embrião da fase Cê no álbum Noites do norte (2000).

70. Rocks (2006) – Caetano se reinventa sob o manto do indie rock no álbum  (2006).

71. Odeio (2006) – Jorro de sinceridade na batida do indie rock.

72. Minhas lágrimas (2006) – A beleza da canção também paira em .

73. Não me arrependo (2006) – Canção de amor para a (então) ex.

74. A cor amarela (2009) – O colorido baiano do álbum Zii e zie (2009).

75. A base de Guantanámo (2009) – Toque político em canção-quase-rap.

76. A bossa nova é foda (2012) – Caetano também é.

77. Um abraçaço (2012) – Um transamba.

78. Anjos tronchos (2021) – Canção de efeito mântrico do álbum Meu coco (2021).

79. Não vou deixar (2021) – O funk do “vovô nervoso”.

80. Sem samba não dá (2021) – Samba para curar o Brasil.

G1