O dólar opera em forte alta nesta segunda-feira (26), marcado pela aversão a risco no exterior, enquanto no Brasil a reta final da corrida eleitoral colabora para a cautela de investidores.

Às 15h03, a moeda norte-americana subia 2,91%, a R$ 5,4008. Na máxima do dia até o momento, chegou a R$ 5,4164. Veja mais cotações. Já o Ibovespa tem queda acentuada, e volta a perder os 110 mil pontos.

Na sexta-feira, a moeda norte-americana encerrou o dia em R$ 5,2480, alta de 2,61% — maior alta diária desde 22 de abril, quando a moeda cresceu 4,04%. Com o resultado, acumulou queda de 0,2% na semana e alta de 0,91% no mês. No ano, tem queda de 5,86% frente ao real.

Os mercados globais estão sob pressão diante do aperto monetário no exterior e das preocupações com a recessão. No âmbito internacional, investidores monitoram a volatilidade no Reino Unido, cuja moeda recuou à mínima histórica na manhã de hoje, e no restante da Europa, onde há possibilidade de recessão e as autoridades monetárias buscam combater a alta de preços.

O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) disse nesta segunda que está monitorando os mercados financeiros de perto e não hesitará em mexer na taxa de juros se necessário. “O banco está monitorando os desenvolvimentos nos mercados financeiros bem de perto à luz da reprecificação significativa dos ativos financeiros”, disse.

“O Comitê de Política Monetária não hesitará em alterar a taxa de juros conforme necessário para levar a inflação de volta à meta de 2% de forma sustentável no médio prazo, em linha com seu mandato”, acrescentou.

Já o Banco Central Europeu (BCE) deve continuar a aumentar as taxas de juros de forma decisiva, pois é alto o risco de a inflação ficar estagnada em níveis acima de sua meta de 2%, disse nesta segunda o presidente do Bundesbank, Joachim Nagel.

“O risco de que as expectativas de longo prazo sejam desancoradas permanece alto”, disse Nagel em discurso. “Mais ações decisivas são necessárias para reduzir a taxa de inflação para 2% no médio prazo.”

O BCE já elevou sua taxa básica em 125 pontos-base, para 0,75%, ritmo mais acelerado de sua história. Investidores agora esperam que sua taxa de depósito ultrapasse 3% no próximo ano, nível mais alto desde 2008, antes do auge da crise financeira global.

Na semana passada, foram anunciadas decisões sobre as taxas de juros dos Estados Unidos e do Brasil.

O Federal Reserve (Fed), o banco central americano, aumentou as taxas de juros do país para uma faixa de 3% a 3,25% – uma alta de 0,75 ponto percentual. Foi a quinta vez neste ano em que os juros foram elevados. A nova alta levou a taxa básica de juros dos EUA ao seu maior patamar desde 2008, pouco antes de o país passar por sua maior crise desde a quebra das bolsas em 1929.

Altas de juros nos Estados Unidos tendem a se refletir em alta na cotação do dólar no Brasil, uma vez que há saída da moeda do país, com o objetivo de buscar a melhor remuneração lá fora.

O Banco Central do Brasil decidiu manter os juros em 13,75% – mas mandou um recado claro de que, caso a inflação volte a pressionar, a Selic pode subir novamente no futuro.

Os economistas do mercado financeiro reduziram de 6% para 5,88% a estimativa de inflação para este ano. Foi a 13ª terceira queda seguida da estimativa para a inflação deste ano. Também é a primeira vez desde março deste ano que a previsão fica abaixo de 6%.

Já a previsão dos economistas dos bancos para a economia é de crescimento de 2,67% em 2022, contra os 2,65% previstos anteriormente. A projeção para o dólar para o fim de 2022 permaneceu estável em R$ 5,20. Para 2023, continuou inalterada também em R$ 5,20.

G1