O clube DiRoma não usou qualquer tipo de placas de alerta ou de proibição de entrada na porta do toboágua em que o menino Davi Lucas de Miranda, de 8 anos, morreu após cair do brinquedo aquático, que estava fechado para manutenção em Caldas Novas, segundo o delegado Rodrigo Pereira.

g1 pediu uma nota nesta terça-feira (15) ao Grupo DiRoma, dono do parque aquático, sobre a falta de placas e aguarda resposta. O grupo disse em nota enviada na segunda-feira que havia tapume na área onde aconteceu o acidente (veja a íntegra ao final). Porém, segundo o delegado, o tapume e uma fita zebrada eram os únicos obstáculos para entrar na atração. A mãe da criança disse que só havia uma fita interditando o brinquedo.

“Pelo que a Polícia Civil levantou até agora, não havia placas alertando sobre perigo ou proibição de entrada. Então essas placas de aviso não existiam. Uma vez que qualquer pessoa passasse pelo tapume e pela fita zebrada não teria mais nenhum obstáculo para subir pelas escadas e alcançar a plataforma onde fica o início do toboágua”, explicou Rodrigo Pereira.

O acidente aconteceu no domingo (13). Davi Lucas caiu em “queda livre” de altura aproximada de 15 metros até o chão. Ele foi socorrido pelo hospital municipal, onde chegou com várias fraturas e traumatismo craniano. Houve tentativa de transferência de hospital, mas ele sofreu uma parada cardíaca e voltou ao hospital, onde morreu.

Davi Lucas de Miranda morreu ao cair de toboágua em manutenção em Caldas Novas, Goiás — Foto: Reprodução/Redes sociais
Davi Lucas de Miranda morreu ao cair de toboágua em manutenção em Caldas Novas, Goiás — Foto: Reprodução/Redes sociais

Como foi a queda

A perícia da Polícia Técnico-Científica (PTC) disse que o menino subiu pelas escadas até o topo do brinquedo, onde fica a plataforma de início do toboágua. Neste local ficam as entradas para os escorregadores: um vermelho, um branco e um azul. Apenas um deles estava com a estrutura de plástico montada.

A perita Kathia Mendes Magalhães acredita que a criança tentou escorregar pelo tubo azul, que estava somente com o início da estrutura montada. Após entrar no escorregador e começar a descer, o menino se deparou com a falta do plástico e caiu em queda livre até o chão.

Antes de se chocar contra o chão, Davi Lucas bateu o corpo na estrutura de ferro do brinquedo aquático, o que deixou marcas, segundo a perícia.

Entenda como foi acidente em parque aquático de Caldas Novas que matou menino de 8 anos - Goiás — Foto: Arte/g1
Entenda como foi acidente em parque aquático de Caldas Novas que matou menino de 8 anos – Goiás — Foto: Arte/g1

Manutenção

A perita Kathia Magalhães disse que o clube não informou há quanto tempo o brinquedo aquático estava fechado para manutenção. No entanto, a profissional acredita que a manutenção não é recente.

“A manutenção não é recente pelo que a gente viu na estrutura de tapume na lateral. O clube ainda não nos passou essa informação”, ressaltou a perita.

Toboágua Vulcão

A Polícia Técnico-Científica apurou que o toboágua era feito para pessoas de até 100 kg e com no mínimo 1,1 metro de altura. Portanto, se estivesse funcionando, a criança estaria dentro dos limites adequados para brincar.

Ainda segundo a corporação, os usuários desceriam deitados com os braços cruzados sobre o peito. No entanto, a velocidade da descida não pôde ser calculada porque não havia água no brinquedo.

A perícia também observou que a escada era de frente a uma área aberta e movimentada. Além disso, não havia nenhuma barreira fechando a entrada da escada (veja abaixo).

Escada para o toboágua de onde Davi Lucas caiu e morreu não tinha nada interditando a entrada Caldas Novas Goiás — Foto: Reprodução/Polícia Técnico-Científica
Escada para o toboágua de onde Davi Lucas caiu e morreu não tinha nada interditando a entrada Caldas Novas Goiás — Foto: Reprodução/Polícia Técnico-Científica

Veja a íntegra da nota do Grupo DiRoma:

“O Grupo DiRoma vem publicamente lamentar e prestar profunda solidariedade à família da criança que tragicamente se acidentou nas dependências do nosso complexo.

A área em que ocorreu o acidente estava completamente fechada com tapume e devidamente sinalizada para reforma e melhorias.

O espaço, bem como todo nosso complexo, é vistoriado com rigor pelo Corpo de Bombeiros e possui todos os alvarás e licenças emitidos pelas autoridades competentes.

Em cinquenta anos de história e tradição, o Grupo DiRoma nunca sofreu uma tragédia dessa magnitude.

As investigações sobre as causas do acidente serão realizadas pela Polícia Civil.

Estamos consternados, colaborando com as autoridades, oferecendo total suporte à família nesse momento de luto”.

G1