A subnotificação de casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) é hoje um dos maiores desafios da saúde pública brasileira. Pensando nisso, o Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), iniciou uma parceria com a Prefeitura de Goiânia para melhoria diagnóstica dessas doenças. O projeto prevê a ampliação dos testes para detecção de HIV, sífilis e Hepatites B e C na rede pública municipal, por meio da criação de um novo protocolo de atendimento.

Os testes são hoje indicados para gestantes e estão disponíveis nos Centros de Atenção Integrada à Saúde (Cais) e unidades de referência. A ideia, conforme a coordenadora de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis da SES, Luciene Tavares, é ampliar para toda a população, disponibilizando o serviço também nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Dessa forma, o paciente que for a qualquer dessas unidades será submetido ao teste como parte obrigatória da triagem, independentemente do motivo que o tenha levado ao local.

“Com este protocolo de atendimento, eu vou testar homens, mulheres, adolescentes, adultos, jovens, brancos, pretos, trans. Hoje em dia não existe um grupo de risco, mas um comportamento de risco, que nada mais é do que fazer sexo sem o preservativo”, ressalta Luciene. Atualmente, a maioria dos novos casos de HIV são detectados entre jovens na faixa etária entre 15 e 29 anos. Os testes são encaminhados ao estado pelo Ministério da Saúde e possuem estoque regular.

Os exames para as infecções sexualmente transmissíveis ficam prontos em 20 a 30 minutos. “O de HIV é um teste diagnóstico, você faz o primeiro teste e, dando positivo, já faz o outro teste confirmatório, de laboratórios diferentes. A pessoa já sai com diagnóstico e com um encaminhamento para o infectologista. Já os de sífilis, hepatite B e hepatite C, são testes de triagem. Dando positivo, você já sai com encaminhamento para fazer o teste confirmatório na própria rede”, complementa.

Cenário
Em 2024 o estado conta com um total de 39 registros de HIV em adultos, sendo três dos casos identificados em Goiânia. A maior preocupação, contudo, envolve a sífilis, com 245 registros da infecção de forma adquirida, 46 casos em gestantes e 15 de sífilis congênita, quando a IST é transmitida de mãe para filho. A maioria dos registros (64%), ocorre entre homens, entre 20 e 39 anos. “A gente vem vivendo uma epidemia de sífilis há muito tempo, apesar de ser uma doença secular de fácil tratamento”, destaca a coordenadora da SES.

O cenário verificado no ano passado também ascendeu um alerta e gerou grande preocupação do poder público. Isso porque 2023 foi o ano com o maior número de casos registrados de sífilis da série histórica (desde 2010). Foram 9.960 casos de sífilis adquirida, 2.940 de sífilis em gestantes e 652 registros de sífilis congênita, com 6 óbitos de recém-nascidos, 4 deles na capital. Segundo a pasta, os números, contudo, podem estar relacionados à maior facilidade de acesso aos testes para detecção de ISTs.