Uma adolescente de 16 anos que foi mantida refém junto com os pais em Cocalzinho de Goiás por Lázaro Barbosa, suspeito de matar uma família em Ceilândia, no DF, enviou mensagem à polícia escondida no quarto, na terça-feira (15), o que fez com que fossem resgatados sem ferimentos. Após a chegada dos policiais, ele fugiu novamente e segue sendo procurado pela força-tarefa.

“Socorro, Lázaro está aqui em casa”, diz o texto enviado pouco antes de ser levada para o mato.

Segundo o delegado Raphael Barboza, uma equipe de policiais dormiu na residência na noite anterior ao sequestro. A intenção era justamente limitar a área de atuação e fuga do suspeito. Mas a forma como Lázaro invadiu a propriedade, de acordo com o investigador, mostrou que ele acampou na mata para vigiar a casa e esperou a polícia deixar o local para agir novamente.

“A menina estava no quarto sozinha e mandou mensagem pedindo socorro, aí voltou todo mundo. Bem na hora que chegamos, ele levou os reféns como forma de se proteger”, detalhou o delegado.

Foto recente de Lázaro Barbosa enviada pela Polícia Civil — Foto: Reprodução TV Anhanguera
Foto recente de Lázaro Barbosa enviada pela Polícia Civil — Foto: Reprodução TV Anhanguera

Logo após o sequestro, uma parente da família enviou áudio para outros familiares avisando que eles estavam bem e relatou o momento de desespero.

“A gente ficou sabendo que o bandido estava lá e depois não conseguiu mais falar com eles porque o homem jogou os telefones no rio. Ele falou que ia matar os três. Quando viu o helicóptero, tampou eles com folhas e se escondeu embaixo de pedras. Mas o cara conseguiu fugir ainda”, contou.

O suspeito roubou dois celulares da família, incluindo o da adolescente que enviou a mensagem com pedido de socorro.

Policiais baleados

Em um encontro, na terça-feira (15), entre Lázaro e policiais, em uma mata, houve confronto e dois militares foram atingidos de raspão. O primeiro policial foi ferido pela manhã, no povoado de Edilândia, que fica na região de Cocalzinho.

O segundo foi baleado por volta das 15h, na mesma região. Os bombeiros informaram que ele é um sargento da Polícia Militar e foi atingido de raspão no rosto. A corporação disse ainda que o militar foi encaminhado consciente e de helicóptero para um hospital de Anápolis, a 55 km de Goiânia.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás informou que os segundo policial foi baleado durante confronto com o suspeito. A pasta não informou em qual circunstância o primeiro policial foi atingido pela manhã.

O segundo foi baleado por volta das 15h, na mesma região. Os bombeiros informaram que ele é um sargento da PM e foi atingido com um tiro de raspão no rosto. O militar foi encaminhado consciente para um hospital de Anápolis, a 55 km de Goiânia.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás informou que houve um confronto quando o policial militar acabou sendo baleado. No entanto, a secretaria não informou se este confronto aconteceu durante o resgate da família feita refém e libertada.

Policiais concentrados em Cocalzinho de Goiás para retomar buscas pelo ssuspeito — Foto: Vitor Santana/G1
Policiais concentrados em Cocalzinho de Goiás para retomar buscas pelo suspeito — Foto: Vitor Santana/G1

A fuga

Lázaro Barbosa está fugindo de uma força-tarefa de mais de 200 policiais há sete dias pela região goiana que fica no Entorno do Distrito Federal. Leia mais abaixo detalhes sobre a fuga.

A polícia usa cães, drones e helicópteros na captura ao suspeito. Trinta e quatro propriedades rurais em Goiás estão ocupadas pelas forças de segurança para evitar ação do homem.

Os homicídios contra a família do DF foram cometidos na quarta-feira (9). Ele é suspeito de assaltar a fazenda e matar a tiros e a facadas os integrantes da família:

  • Cláudio Vidal, de 48 anos – pai e empresário;
  • Gustavo Vidal, de 21 anos – filho do casal;
  • Carlos Eduardo Vidal, de 15 anos – filho do casal;
  • Cleonice Marques de Andrade, de 43 anos – a mulher do empresário foi sequestrada e morta. O corpo foi achado no sábado (12), em uma mata próxima à casa da família.

De acordo com a Polícia Militar, ele invadiu chácaras, atirou em quatro pessoas, das quais duas estão em estado grave, furtou um carro e o abandonou na BR-070.

Os policiais de Goiás e do Distrito Federal (DF) procuram o suspeito dentro de rios e em matas.

De acordo com o porta-voz da polícia do DF, Michello Bueno, ele conhece bem a região e que, por ser caçador, se esconde com facilidade.

“Ele foi criado nessa região. Conhece cada detalhe. Além disso, ele é um caçador. Então, ele se esconde, dorme em cima das árvores. É um cara que tem uma expertise. Não é um bandido comum”, disse o porta-voz.

Imagens de uma câmera de vigilância, divulgadas na terça, mostraram o suspeito se escondendo da polícia em um galpão de uma chácara em Cocalzinho de Goiás (veja abaixo). Testemunhas relataram que ele dormiu no local e não ameaçou ninguém.

Vídeo mostra o suspeito de matar família escondido em galpão de chácara

Linha do tempo da fuga de Lázaro:

Após cometer o crime contra a família no DF, o suspeito deu início à fuga:

  • Na sexta-feira (11), ele roubou um veículo e fugiu para Cocalzinho de Goiás. Depois colocou fogo no carro;
  • No sábado (12), invadiu uma fazenda, atirou em quatro pessoas e colocou fogo em uma casa. Nesta ocasião, fez um caseiro refém, usou e obrigou a vítima a usar drogas;
  • No domingo (13), o suspeitou furtou um carro para fugir da polícia, foi visto na BR-070 e acabou abandonando o veículo. A corporação acredita que ele tentava retornar ao DF;
  • Na segunda-feira (14), ele foi filmado por câmeras de monitoramento e teria dormido em um galpão de uma chácara. Pediu comida aos moradores, mas fugiu;
  • Na terça-feira (15), uma moradora de uma fazenda filmou os policiais durante buscas em sua propriedade. Segundo as imagens, Lázaro passou por lá durante a fuga. Mais tarde, ele sequestrou uma família em outra chácara (foram liberados sem ferimentos) e atirou em dois policiais, que foram atingidos de raspão, eles foram levados para hospitais e estão conscientes.

Séries de crimes entre 2018 e 2021:

  • 8 março de 2018: Lázaro Barbosa foi preso em Águas Lindas de Goiás após 3 mandados de prisão por homicídio qualificado porte ilegal de arma de fogo, roubo e estupro, mas fugiu em 23 de julho e estava foragido;
  • Foi condenado por um homicídio na Bahia (sem data informada);
  • Lázaro era procurado por por crimes de roubo, estupro e porte ilegal de arma de fogo no DF e em chácaras de Goiás;
  • 8 de abril de 2020: À época, o suspeito foi indiciado pelos crimes de roubo mediante restrição da liberdade das vítimas e emprego de arma branca e por tentativa de latrocínio. Ele invadiu uma chácara em Santo Antônio do Descoberto, em Goiás, e golpeou um idoso com um machado;
  • 26 de abril de 2021: Ele é suspeito de invadir uma casa no Sol Nascente (DF), quando trancou pai e filho no quarto e levou a mulher para o matagal, onde a estuprou;
  • 17 de maio de 2021: Segundo a polícia, ele fez uma família refém na mesma região ameaçando as vítimas com faca e arma de fogo. Nesse crime, ele mandou as pessoas ficarem nuas e, das 19h até meia-noite, prendeu os homens no quarto e as mulheres ficaram servindo jantar para ele;
  • 9 de junho de 2021: Lázaro é suspeito de invadir uma chácara no Incra 9, em Ceilândia (DF), onde matou a tiros e a facadas um casal e dois filhos;
  • 9 de junho de 2021: Roubou uma chácara em Ceilândia após o assassinato da família. Ele teria rendido o caseiro, o dono da propriedade e a filha dele;
  • 12 de junho de 2021: Lázaro fugiu para Cocalzinho de Goiás logo em seguida. Ele atirou em quatro pessoas, invadiu fazendas e colocou fogo em uma casa ao fugir da polícia;
  • 13 de junho de 2021: Furtou um carro e o abandonou na BR-070 dando sequência à fuga para uma mata.
34 propriedades rurais em Goiás estão ocupadas pelas forças de segurança para evitar ação de Lázaro Barbosa, suspeito de uma chacina no DF — Foto: TV Globo / Reprodução
34 propriedades rurais em Goiás estão ocupadas pelas forças de segurança para evitar ação de Lázaro Barbosa, suspeito de uma chacina no DF — Foto: TV Globo / Reprodução

G1