Um dia depois de o secretário municipal de Saúde de Goiânia, Durval Pedroso, anunciar que a variante P1, a linhagem brasileira mais contagiosa do coronavírus, predominar entre os casos positivos da capital, o governo estadual encontrou essa cepa em 17 cidades goianas. O sequenciamento genômico por amostragem detectou a mutação em 57 amostras avaliadas pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e pela PUC-GO (veja lista das cidades abaixo).
O estudo das universidades também achou a linhagem B.1.1.7, do Reino Unido em três municípios; e seis cidades com outras variantes, que não são de atenção epidemiológica, segundo o governo. Em Goiânia, a P1 foi encontrada em 28 de 30 amostras analisadas.
A superintendente de Vigilância Sanitária de Goiás, Flúvia Amorim, explica que essa linhagem é responsável pelo aumento exponencial de internações, casos graves e de mortes.
“Chamo atenção de todos porque essa variante é mais transmissível e assim como Goiânia identificou em várias amostras, o estado está informando que em várias outras regiões foi também identificada essa cepa”, alertou Amorim.
Essa linhagem também foi encontrada em pacientes de Anápolis, Catalão e Águas Lindas de Goiás, onde uma idosa de 60 anos morreu com a doença. A Superintendente de Vigilância em Saúde do estado (SES), Flúvia Amorim, informou que ela está em estágio de transmissão comunitária no estado.
Com a intenção de conter o coronavírus no estado, o governador, Ronaldo Caiado (DEM), anunciou, na terça-feira (16), a volta de revezamento das atividades econômicas no estado para evitar o avanço da Covid-19. Segundo o governo, o novo decreto retoma o modelo “14 por 14”: duas semanas de suspensão das atividades econômicas seguidos por outras duas de funcionamento.
Veja a lista das cidades com a P1:
- Abadia de Goiás
- Anápolis
- Águas Lindas
- Araguapaz
- Bom Jardim de Goiás
- Catalão
- Damolândia
- Davinópolis
- Faina
- Goiânia
- Jussara
- Monte Alegre de Goiás
- Montes Claros de Goiás
- Mundo Novo
- Santa Fé de Goiás
- São Luís de Montes Belos
- Turvânia
P1 em Goiânia
Segundo Pedroso, a P1 tem maior poder de contágio e provoca a internação de pessoas mais jovens, diferentemente do que se observava na onda anterior, no ano passado, quando pessoas mais idosas e com comorbidades eram as que mais precisavam ser hospitalizadas.
“Hoje, o cenário mostra pessoas mais jovens em estado grave, isso é o reflexo dessa cepa mais agressiva. As pessoas devem se preocupar em saber que a gravidade da doença que castigou Manaus, hoje, encontra-se em Goiânia”, alertou o secretário.
De acordo com informações de investigação dos primeiros casos, os principais sintomas apresentados foram: cefaleia, perda do olfato, perda do paladar e tosse. Além destes, dois casos de residentes em Goiânia apresentaram sintomas como febre, prostração e cansaço.
Não foram relatados históricos de viagens ou contato com pessoas que tenham viajado para localidades específicas em que há circulação de novas variantes, segundo o governo.
Hospitais privados pedem UTIs da rede pública
A rede particular de hospitais de alta complexidade de Goiás está pedindo leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da rede pública para enviar os pacientes em estado grave de Covid-19, após atingir a capacidade máxima de atendimento nos últimos dias, segundo informou o presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado (Ahpaceg), o médico Haikal Helou, nesta quinta-feira (18).
O avanço da doença entre a população colocou essa rede de hospitais “transitando entre o colapso e o caos”, conforme explicou Helou.
“Neste momento, faltam medicamentos, médicos, leitos, oxigênio e colocamos dentro do nosso arsenal como última opção pedir para que o estado o estado regule os pacientes para algum hospital público”, disse o médico.
Covid-19 em Goiás
O estado registrou 135 mortes e 3.238 casos positivos de coronavírus em um dia, segundo balanço do governo. Ao todo, o estado contabilizou 447.747 pessoas contaminadas e 10.045 mortes por Covid-19 desde o início da pandemia. A ocupação da rede estadual de saúde, nesta quinta, é de 97% e de 79% na enfermaria.
Os dados do consórcio de imprensa que analisa a média móvel de mortes por Covid-19 no Brasil, do qual o G1 faz parte, mostraram que Goiás registrou a maior média do país nestes últimos quatro dias, ou seja, teve mais mortes do que o restante das unidades da federação. Nesta quarta-feira (17), a média goiana era de alta de 210%, enquanto Sergipe, que ocupa a segunda posição, está com 122%.
G1