A temporada de 2020 do Araguaia, tradicional destino turístico das férias de julho, está cancelada a partir de 1º de julho para evitar a expansão da pandemia de Covid-19 em Goiás. Decreto do Governo de Goiás, a partir de consultas a municípios, instituições públicas e entidades representativas da sociedade, proíbe a realização dos acampamentos, eventos como shows musicais, festas, caminhadas ecológicas, passeios ciclísticos, corridas, realização de espetáculos.

Também estão vedados o uso coletivo de beiras de rios, cachoeiras e praias formadas no Rio Araguaia e seus afluentes e a instalação de estruturas temporárias de restaurantes, bares, banheiros, pontos de apoio e quaisquer outras de atendimento a turistas e usuários em praias, beiras de rios e cachoeiras. O decreto foi assinado nesta quarta-feira (10/06) pelo governador Ronaldo Caiado.

O Governo de Goiás contará com o apoio das prefeituras, da Polícia Militar Ambiental, do Corpo de Bombeiros, da Goiás Turismo e da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) na fiscalização das atividades nas regiões próximas ao Araguaia durante o período de proibição. Como as medidas começam a valer no dia 1º de julho, até lá será feita uma campanha de orientação e conscientização junto à sociedade para que evite se deslocar até a região.

O secretário de Estado da Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, diz que a medida do Governo de Goiás é imprescindível em um momento de franca expansão no número de casos de Covid-19 e de expansão da pandemia para o interior do Estado. “A suspensão da temporada no Rio Araguaia se tornou necessária tendo em vista a preservação da vida e a proteção da saúde dos goianos”, destaca.

O prefeito de Aruanã, Hermano de Carvalho, pediu a colaboração da população. “Vivemos um momento delicadíssimo com essa pandemia que assola o mundo e tem trazido enormes dificuldades a todos”, disse. “Conto com vocês, em nome da vida, em nome da saúde, precisamos da colaboração de todos para que, num futuro próximo, possamos estar juntos novamente. Fiquem em casa”, reafirmou ele.

“As medidas adotadas visam evitar aglomerações e, consequentemente, a disseminação do coronavírus entre os turistas e as populações de ribeirinhos, indígenas e outras comunidades mais vulneráveis”, destaca a secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis. “Sabemos que se trata de um evento de grande dimensão cultural para os goianos, mas devemos, sobretudo, persistir e insistir nas ações que visam a defesa irrestrita da vida”, pondera.

Alerta
Segundo o presidente da Goiás Turismo, Fabrício Amaral, o decreto dá sustentação jurídica para que o Estado tome decisões sem ferir o direito das pessoas. “Estamos alinhados com o Ministério Público, que recomendou a não realização da temporada do Araguaia e nos questionou sobre as medidas para conter aglomerações”, afirma.

“Levamos em conta, também, a precariedade do sistema de saúde do Vale do Araguaia, o que é bastante preocupante devido ao alto nível de contaminação. O Estado decidiu desestimular a temporada para preservar a vida, sobretudo da população local”, diz.

As medidas de contenção da pandemia preveem multas que podem variar de R$ 1 mil a R$ 500 mil, conforme previsto na Lei Estadual nº 18.102/13 e no Decreto Federal 6514/08.

Dados do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública para o Novo Coronavírus (COE) apontam que o pico da pandemia deve acontecer entre junho e julho no Estado, justamente o período de maior movimentação de pessoas nos municípios próximos ao Araguaia.

De acordo com o decreto, ficam permitidas as atividades individuais ou unifamiliares, desde que os participantes apresentem atestados médicos de não infecção pela Covid-19 ou atestados de imunização à doença, dos últimos 15 dias, nas barreiras sanitárias que serão montadas nas vias de acesso às cidades inseridas na Bacia do Rio Araguaia.

Os comprovantes poderão ser solicitados a qualquer momento também pelas equipes de fiscalização. O decreto também obriga a utilização de máscaras de proteção e recomenda a desinfecção constante de mãos e superfícies com álcool 70%.

As medidas do Governo de Goiás se baseiam nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e em estudos científicos que demonstraram que vários tipos de coronavírus, com características semelhantes à Covid-19, se mantém ativos em ambientes naturais de água doce, e se propagam com mais facilidade em locais com água estancada. Além disso, a falta de saneamento básico adequado na região é outro fator de potencial transmissão do vírus.

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