O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), informou nesta quarta-feira (25) que incluiu mais três nomes na lista de investigados pela comissão. São eles:

  • Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde;
  • Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos;
  • Emanuel Catori, sócio da Belcher Farmacêutica.

Os três tiveram participação direta nas negociações para aquisição de vacinas contra a Covid pelo governo brasileiro (leia detalhes mais abaixo).

Na prática, ao incluir alguém na lista dos investigados pela CPI, o relator mostra que vê suspeitas de crimes.

Tanto no caso da Belcher quanto no da Precisa, as negociações foram interrompidas diante das suspeitas de irregularidades.

“Em função do avanço da investigação, das provas coligidas, dos depoimentos prestados, elevamos a condição dessas pessoas à condição de investigados”, afirmou Calheiros.

Convocação de motoboy

Também nesta quarta, a comissão aprovou a convocação de Ivanildo Gonçalves da Silva. Conforme reportagem publicada pelo “Jornal de Brasília” nesta quarta, Ivanildo trabalha como motoboy da empresa de logística VTCLog, investigada pela CPI.

De acordo com a reportagem, Ivanildo sacou R$ 4.743.693 – o valor corresponde a 5% da movimentação atípica da empresa constatada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O relatório de inteligência aponta para uma movimentação suspeita de R$ 117 milhões ao longo de dois anos.

A convocação de Ivanildo não constava na agenda da audiência. Minutos antes da sessão, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), mencionou a reportagem e afirmou que há questões “urgentes” para se tomar conhecimento.

Ex-diretor da Saúde chama Dominguetti de ‘picareta’ e nega ter pedido vantagem sobre vacina
Ex-diretor da Saúde chama Dominguetti de ‘picareta’ e nega ter pedido vantagem sobre vacina

Roberto Dias

Roberto Dias deixou o Departamento de Logística do Ministério da Saúde em junho deste ano, quando o policial Luiz Paulo Dominghetti, que se diz representante da Davati Medical Supply, afirmou ter recebido um pedido de propina do então diretor do ministério.

Segundo Dominghetti, a negociação envolvia 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, e Dias, ainda conforme o policial, pediu propina de US$ 1 por dose para que o contrato fosse fechado — a AstraZeneca afirma que não negocia vacina por intermediários.

Em depoimento à CPI, Roberto Dias negou ter pedido propina e chamou Dominghetti de “picareta”.

Francisco Maximiano

Francisco Maximiano entrou na mira da CPI diante das suspeitas de irregularidades envolvendo as negociações para aquisição, pelo governo brasileiro, da Covaxin, vacina contra a Covid produzida por um laboratório na Índia.

A Covaxin foi o imunizante mais caro negociado pelo governo e intermediado pela Precisa Medicamentos, empresa sem relação com a indústria de vacinas. O contrato foi posteriormente cancelado.

Segundo Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, houve pressão atípica para que o imunizante fosse comprado pelo governo.

Empresário admite na CPI que chegou até a cúpula do Ministério da Saúde com ajuda de Ricardo Barros
Empresário admite na CPI que chegou até a cúpula do Ministério da Saúde com ajuda de Ricardo Barros

Emanuel Catori

Emanuel Catori prestou depoimento à CPI nesta terça (24). A comissão investiga a atuação de empresas intermediárias nas negociações de vacinas contra a Covid-19.

A Belcher se apresentava como representante do laboratório chinês CanSino, fabricante da vacina Convidecia.

De acordo com Catori, a empresa se reuniu com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mas que foi firmado somente um “contrato de confidencialidade” com a farmacêutica chinesa e que não tinha carta de autorização para representar o laboratório chinês no Brasil.

G1