O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve interrompido o processo contra João de Deus pelo crime de falsidade ideológica, segundo advogados. Com essa decisão, a ex-assessora de imprensa do réu, um advogado e um motorista também foram beneficiados. Ainda cabe recurso. João de Deus está preso há dois anos e responde a vários processos por abuso sexual contra mulheres durante tratamento espiritual.

O caso já tinha sido trancado pelo Tribunal de Justiça em 2019. Porém, o Ministério Público apresentou recursos em segunda instância e também no STJ. A publicação da decisão aconteceu no início do mês. O G1 entrou em contato por email com o Ministério Público, mas devido ao final de semana, ainda não obteve retorno do órgão para saber se ele apresentará um novo recurso.

O caso está em segredo de Justiça, mas segundo os advogados que representam João de Deus e a ex-assessora, Edna Ferreira Gomes, o STJ considerou que não houve o crime denunciado pelo Ministério Público.

“Segundo o Ministério Público o João teria orientado a Edna a levar uma pessoa a fazer uma declaração que o Ministério Público imputava falsa. Mas o Ministério Público não denunciou a pessoa que lavrou o testemunho. Esse crime é um crime de mão própria, ou seja, se você não denuncia a pessoa, você não tem como denunciar outros”, disse Demóstenes Torres, advogado de Edna.

O advogado de João Teixeira, Anderson Van Gualberto, disse que foi determinado o arquivamento do processo porque a Justiça entendeu que não houve infração penal. “João de Deus continua em prisão domiciliar aguardando o processamento das ações penais e confiando na comprovação da sua inocência”, disse.

Condenações

João de Deus já foi condenado três vezes:

  1. por posse ilegal de arma de fogo, pena de 4 anos em regime semiaberto, novembro de 2019;
  2. por crimes sexuais cometidos contra quatro mulheres, condenado a 19 anos em regime fechado, em dezembro de 2019;
  3. por crimes sexuais cometidos contra cinco mulheres, sentenciado a 40 anos em regime fechado, janeiro de 2020.

Desde quando as denúncias vieram à tona, em dezembro de 2018, o MP-GO já recebeu centenas de denúncias de mulheres que relatam terem sido vítimas de João de Deus.

G1