Banco já devolveu este ano cerca de R$ 30 bilhões e, segundo o conselheiro da instituição, Carlos Thadeu de Freitas, os demais R$ 70 bilhões devem ser quitados até o fim do ano.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderá devolver ao Tesouro Nacional cerca de R$ 100 bilhões neste ano para ajudar nas contas do governo, disse à Reuters o conselheiro do banco Carlos Thadeu de Freitas.
O banco já devolveu esse ano cerca de R$ 30 bilhões e, segundo Freitas, os demais R$ 70 bilhões devem ser quitados até o fim do ano. Thadeu, que já foi diretor da instituição, disse que o banco tem espaço e fôlego para devolver ao Tesouro esse montante para ajudar nas contas públicas.
“As contas públicas não podem piorar. Está todo mundo no mesmo barco e se piorar todo mundo afunda junto”, disse ele.
Durante a última década, o Tesouro irrigou o BNDES com quase R$ 500 bilhões, usados para empréstimos ao empresas, muitas vezes mais baratos do que o custo de captação da União. Esse recursos começaram a ser devolvidos nos últimos anos.
De 2015 a 2018, o banco devolveu ao governo R$ 309 bilhões. No ano passado, BNDES fez acordo com a União, antecipando de 2060 para 2040 o prazo final para devoluções.
Comenta-se internamente no banco que Joaquim Levy, que se demitiu do comando do banco no último fim de semana após ter sido cobrado publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro, estaria resistindo a uma devolução mais expressiva.
“O Levy é um grande economista, mas talvez tenha demorado a entender o novo tamanho do banco”, disse Freitas.
Há receios no banco é que as devoluções possam comprometer a capacidade de financiamento da instituição. Mas como a economia ainda não engrenou, há correntes no governo que entendem que a devolução não teria maiores consequências para o banco.
O parecer da reforma da previdência prevê o fim dos repasses do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para o BNDES. O FAT é uma dos principais fontes de financiamento do banco.
“Se isso for aprovado, seria só para 2020. Aí tem que ver como vai ficar a devolução dos demais recursos. No total, faltam uns R$ 200 bilhões”, frisou Thadeu.
O executivo afirmou não se deve mais esperar que o banco empreste mais de R$ 70 bilhões anualmente. O BNDES já chegou a emprestar mais de R$ 140 bilhões por ano. O foco daqui para frente devem ser financiamentos para obras de infraestrutura e para médias, micro e pequenas empresas, disse.
“Não há mais alternativa para o banco ser maior. Os privados podem emprestar, são muito líquidos e não faz mais sentido ter um BNDES enorme. Se tem que ser focado em pequenos e infraestrutura”, disse ele.
A previsão do executivo é que o BNDES empreste em 2019 cerca de R$ 65 bilhões, abaixo dos R$ 69,3 bilhões de 2018.
Com isso, Freitas afirmou que é hora de se pensar em enxugar o quadro de funcionários por meio de um Programa de Demissão Voluntária (PDV). Isso poderia levar o quadro total do BNDES, hoje em cerca de 2500 pessoas, para no máximo 1800 empregados.
A associação de empregados do BNDES disse que por enquanto não tem conhecimento de um PDV e que não vai iria se manifestar.
Fonte: Portal G1