Um casal homoafetivo de Anápolis, a 55 km de Goiânia, conseguiu na Justiça o direito de usar o saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para pagar um tratamento de fertilização in vitro. Elas comemoraram a decisão, que pode incentivar outras famílias no mesmo processo.
“A gente sempre teve a vontade de ser uma dupla maternidade. Foram colhidos os meus óvulos, foi feito a fertilização e a transferência para a Jordana para ela gestar e ter a participação das duas na gravidez”, disse a advogada Mariane Stival.
Ela e a esposa, a empresária Jordana Fonseca, começaram a namorar em 2018. Já em 2019, se casaram. “E desde sempre a gente conversava, tínhamos vontade de sermos mães juntas, a dupla maternidade. Eu já tenho uma filha de 14 anos e senti esse desejo de ser mãe novamente com a Jordana. E da Jordana, de ser mãe pela primeira vez”, disse Mariane.
Porém, como o tratamento é caro, cerca de R$ 40 mil, elas não tinham todo o dinheiro necessário. Além disso, elas corriam contra o tempo, pois Mariane tinha poucos óvulos para tentar a fertilização in vitro.
Elas entraram na Justiça pedindo o uso do FGTS para custear o tratamento. A decisão saiu em abril, autorizando o uso do dinheiro na conta de Mariane. O juiz Alaôr Piacini considerou que a situação “se assemelha de certa forma a hipótese de um tratamento de saúde grave, razão pela qual entendo plenamente possível o saque do valor necessário ao custeio do tratamento almejado”.
Após a decisão, que pode servir de precedente para outros casos, as duas comemoraram a conquista.
“Nossa história é uma história de luta. É uma vitória nossa, mas é uma vitória de todas as pessoas que têm vontade de ter filho, querem fazer um tratamento e não têm condições de pagar, mas têm esse saldo. É um precedente muito grande par mães solo que querem ter filhos, casais, todas as pessoas”, disse Mariane.
G1