Neste domingo (2), a aplicação da segunda dose da Coronavac está suspensa em cinco capitais brasileiras, segundo levantamento do G1:

  • Aracaju e Porto Alegre: processo está interrompido por falta de estoque;
  • Fortaleza: lote entregue no sábado (1º) não é suficiente;
  • Porto Velho: até a chegada de nova remessa, prevista para os próximos dias, também não há expectativa de retomar a aplicação da vacina;
  • e Rio: suspensão por dez dias — apenas a vacina de Oxford/Fiocruz está sendo distribuída (veja vídeo abaixo).

Em Salvador, o processo não foi totalmente interrompido, mas há escalonamento: só receberão a segunda dose da Coronavac, por enquanto, aqueles que deveriam ter tomado a vacina nos dias 29 e 30 de abril.

Em Natal, o critério é por idade: apenas os idosos a partir dos 78 anos, que estão com no mínimo 28 dias de atraso para tomar o reforço, podem receber o imunizante.

E em Macapá, onde a vacinação estava suspensa há uma semana, 1.600 doses da Coronavac foram distribuídas — como o número não é suficiente para imunizar todos os que aguardam na fila, o governo organizou uma lista com nomes de idosos acima de 65 anos que poderão ser os primeiros beneficiados.

Vaivém de decisões

De acordo com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a interrupção é resultado da conduta de seu antecessor no comando da pasta, Eduardo Pazuello.

“[O atraso] decorre da aplicação da segunda dose como primeira dose”, afirmou. “Logo que houver entrega da CoronaVac, [o problema] será solucionado.”

Antes, os estados estocavam vacinas para garantir que todas as pessoas já imunizadas recebessem a segunda dose. Em fevereiro, no entanto, Pazuello mudou a orientação: determinou que todas as vacinas fossem aplicadas de imediato, sem a preocupação de guardar parte delas.

Foi um vaivém de regras: dias depois, o Ministério da Saúde voltou atrás e disse que os estados deveriam, sim, estocar a Coronavac para garantir a segunda dose a todos. Em março, mais uma vez, a pasta mudou de opinião e orientou a aplicação de todas as vacinas, sem reservas.

“O ministério fez isso, mas nós somos dependentes da China para os insumos farmacêuticos ativos (IFAs). O erro foi ter feito essa orientação sem ter garantia de que a produção estava iniciada. Contar com IFA que nem saiu da China é uma situação complicada”, diz a epidemiologista Ethel Maciel.

Em abril, Queiroga foi ao Senado para dizer que a orientação mudou mais uma vez: desde então, os estados devem armazenar metade do estoque para garantir que o esquema vacinal de duas doses seja cumprido no intervalo correto (28 dias para a Coronavac/Butantan e 3 meses para a de Oxford/Fiocruz).

Segunda dose deve ser tomada mesmo fora do prazo

Em nota técnica divulgada na terça-feira (27), o Ministério da Saúde orientou a população a tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19 mesmo que a aplicação ocorra depois do prazo recomendado pelos laboratórios.

Segundo o documento, é “improvável que intervalos aumentados entre as doses das vacinas ocasionem a redução na eficácia do esquema vacinal”.

No entanto, a pasta ressalta que os atrasos devem ser evitados, já que “não se pode assegurar a devida proteção do indivíduo até a administração da segunda dose”.

G1