Em vídeo postado nessa segunda-feira (24), o blogueiro bielorrusso Roman Protasevich, detido quando um avião da Ryanair foi forçado a pousar em Minsk, diz que está bem de saúde e reconhece ter atuado na organização de protestos em massa no ano passado.
Os comentários foram imediatamente rejeitados por seus aliados, que falam em coação.
“É assim que Raman se apresenta sob pressão física e moral. Exijo a libertação imediata de Raman e de todos os prisioneiros políticos”, escreveu no Twitter um líder da oposição bielorrussa, Sviatlana Thiskanouskaya.
Ao aparecer em vários canais do aplicativo de mensagens Telegram, Protasevich, vestindo um moletom escuro e com as mãos firmemente cruzadas na frente dele, afirma que está em uma prisão em Minsk e nega ter problemas cardíacos relatados por algumas redes sociais. Ele também parece ter uma pequena mancha preta na testa.
Um vice-ministro das Relações Exteriores da Polônia disse ter ouvido da mãe do blogueiro dissidente que seu estado de saúde é muito grave.
“Recebemos um sinal da mãe de Roman Protasevich de que sua situação de saúde é muito grave. Isso é tudo que posso dizer sobre o assunto”, declarou Pawel Jablonski à emissora privada TVN24.
O presidente da Bielorrúsia, Alexander Lukashenko, de 66 anos, tem enfrentado o maior desafio de seu governo de quase 27 anos, com manifestantes que tomaram as ruas depois que ele foi declarado vencedor de uma eleição no ano passado, que alegam ter sido fraudada.
Cerca de 35 mil pessoas foram detidas desde o início dos protestos, em agosto de 2020. Lukashenko nega fraude eleitoral e acusa o Ocidente de patrocinar os atos.
Sanções
As potências ocidentais se preparam para impor sanções contra a Bielorrússia e cortar suas conexões de aviação, depois que o país usou um avião de guerra para interceptar uma aeronave da Ryanair e prender Protasevich.
Os líderes da União Europeia (UE), reunidos em Bruxelas, pediram que as companhias aéreas bielorrussas sejam banidas do espaço aéreo do bloco de 27 países e recomendaram às companhias baseadas na UE que evitem sobrevoar a ex-república soviética, segundo um comunicado conjunto.
Eles também concordaram em ampliar a lista de indivíduos bielorrussos que já sofreram sanções e apelaram à Organização da Aviação Civil Internacional (Icao) para investigar urgentemente o fato de a Bielorrússia ter forçado um avião da Ryanair a pousar em Minsk, num voo Grécia-Lituânia no domingo (23).
“A reação deve ser rápida e severa”, disse o primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, a jornalistas.
Agência Brasil