Tensão entre EUA e Irã também deve entrar na pauta; entre os assuntos que afetam o Brasil, estão a mudança climática e o acordo entre União Europeia e Mercosul.
Começa nesta quinta-feira (27) – manhã de sexta-feira (28) no horário local – o encontro do G20 em Osaka, no Japão. A cúpula vai reunir líderes das maiores economias do mundo, e deve ser marcada por discussões sobre conflitos comerciais globais, especialmente em meio às negociações entre China e Estados Unidos em torno da guerra comercial. O encontro, que vai até este sábado (29), deve ter ainda conversas sobre tensões entre EUA e Irã e o acordo entre Mercosul e UE.
Esta será a primeira vez em sete meses que os presidentes dos EUA e China, Donald Trump e Xi Jinping, se encontram. A última reunião ocorreu na edição anterior do encontro do G20, em Buenos Aires. Na ocasião, os líderes dos dois países chegaram a acertar uma trégua, mas meses depois as negociações foram interrompidas. Enquanto isso, os desdobramentos da disputa comercial seguem gerando preocupações sobre o impacto na economia global.
Na quarta-feira (26), Trump afirmou ser “absolutamente possível” chegar a um acordo com a China para evitar a imposição das tarifas ameaçadas sobre os produtos chineses. No entanto, o presidente também afirmou: “mas eu também estou bem feliz com onde estamos agora.”
O encontro entre Trump e Xi Jinping também acontece em meio a discussões sobre o programa nuclear da Coreia do Norte. O presidente chinês fez uma visita recente à Coreia do Norte, em uma demonstração aos EUA de que a China continua sendo um aliado do regime de Pyongyang. Depois do G20, Trump visitará a Coreia do Sul para abordar a questão do programa nuclear norte-coreano com o presidente Moon Jae-in.
Além da guerra comercial, os EUA também estarão sob as atenções dos demais participantes por causa das recentes tensões envolvendo o Irã. Os conflitos envolvendo os dois países já duram décadas, mas nos últimos dias as tensões ganharam força com uma série de ameaças de um conflito armado. Trump chegou a ordenar bombardeios depois de o Irã ter anunciado a derrubada de um drone dos EUA. O presidente americano, no entanto, recuou em cima da hora.
Participação do Brasil
Essa será a primeira participação de Jair Bolsonaro na cúpula do G20 como presidente do Brasil. Ele embarcou na noite de terça-feira (25) para Osaka, e a previsão é que chegue à cidade na quinta (27). Bolsonaro deve participar de encontros com os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, da França, Emmanuel Macron, e da China, Xi Jinping.
O presidente também deve ter reuniões com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi; com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman (apontado por relatório da ONU como responsável pela morte do jornalista Jamal Khashoggi); com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe; e com primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien-Loong.
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que quer conversar com Bolsonaro sobre o desmatamento no Brasil.
“Vejo com grande preocupação a questão das ações do presidente brasileiro (em relação ao desmatamento) e, se ela se apresentar, aproveitarei a oportunidade no G20 para ter uma discussão clara com ele”, afirmou.
Bolsonaro também deve ter uma audiência na sexta-feira com o secretário-geral da OCDE, José Angel Gurría Treviño. O Brasil tenta integrar o grupo, apelidado de “clube dos ricos”, e conta com o apoio dos Estados Unidos. O presidente também deverá participar de um encontro do Grupo de Lima, que pressiona pelo restabelecimento da democracia na Venezuela.
Ainda entre os temas que envolvem diretamente o Brasil, a expectativa é que seja discutido o acordo comercial entre os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai) e a União Europeia (UE). O assunto deve ser pauta da reunião entre o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, com o presidente da Argentina, Mauricio Macri, que ocupa temporariamente a presidência do Mercosul.
Entre os pontos que ainda precisam ser solucionados, estão as cotas de exportação de produtos como carne e açúcar e, de modo geral, as dúvidas de países como a França, que temem que o acordo de livre comércio prejudique seus agricultores.
O texto também enfrenta a divisão entre países europeus, com países reticentes e outros que desejam um acordo o mais rápido possível, como Alemanha e Espanha.
Fonte: Portal G1