A direção do Hospital do Câncer Araújo Jorge informou que os atendimentos de primeira consulta regulados pela Prefeitura de Goiânia estão suspensos a partir desta terça-feira, 17. A paralisação é por tempo indeterminado. A decisão foi informada em nota encaminhada à imprensa que informou que o atraso dos pagamentos da Prefeitura de Goiânia inviabiliza a continuidade das operações da unidade de saúde e “ameaça diretamente o direito à saúde dos pacientes”. O comunicado ainda informa que a suspensão acontece após todas as possibilidades de diálogo com a atual gestão serem esgotadas.

De acordo com a direção da unidade de saúde, os valores pendentes já somam mais de R$ 55,3 milhões. “O cenário atual reflete anos de negligência e promessas não cumpridas pela gestão municipal. O hospital, que depende de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) – cuja responsabilidade de repasse é da Prefeitura de Goiânia –, enfrenta atualmente um acúmulo de valores pendentes que totalizam R$ 55.306.681,79”, informa o comunicado que ainda esclarece que parte do valor inclui os custos do SUS dos meses de setembro e outubro de 2024.

O comunicado também esclarece que os pacientes que já estão em tratamento continuarão sendo atendidos normalmente e que é prioridade da instituição. Para os pacientes que têm a primeira consulta marcada a partir desta terça-feira, 17, os pacientes devem procurar o Complexo Regulador da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Em nota a SMS informou que os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) seguem bloqueados pela Justiça. De acordo com a pasta, o interventor da Saúde, Márcio de Paula Leite aguarda o desbloqueio das contas para que seja possível pagar a Fundação de Amparo ao Hospital das Clínicas (Fundahc), prestadores do SUS, entre eles o Hospital Araújo Jorge.

Histórico de cobranças

No dia 21 de outubro, a Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG), entidade que administra o Hospital Araújo Jorge, em Goiânia, informou que existem repasses em atraso para a unidade especializada tanto na esfera municipal, quanto nos níveis estadual e federal também. Ao todo, os valores pendentes somam mais de R$44 milhões.

Em agosto, ao Jornal Opção, o diretor do hospital, Dr. Jales Benevides, informou que por conta dos atrasos nos repasses, a unidade de saúde fecha as contas com R$ 4 milhões negativos todos os meses. “Tudo que produzimos pelo SUS não paga as nossas despesas. As coisas aumentaram, água, energia, alimentação, medicação. Gastamos mais de quatro milhões de reais em quimioterapia. Então nosso hospital é responsável por atender Goiás e Goiânia, e não estamos sendo bem tratados pela Secretaria Municipal de Saúde”, afirmou diretor. Na época, a dívida já estava próxima a R$ 45 milhões.

Cerca de 90% da receita do hospital é proveniente dos recursos vindos do SUS e a unidade de saúde atende cerca de 70% dos casos oncológicos de Goiás, além da demanda vinda de outros estados, do nordeste, por exemplo.

Jornal Opção