Puxada pela escalada no número de mortes por Covid-19 no Brasil, a América do Sul se tornou a região que mais tem registrado óbitos causados pela doença no mundo.
A região passou a Europa na média de novos óbitos em 31 de março e, desde então, se mantém à como a que mais sofre com a pandemia no momento, segundo dados do “Our World in Data”.
O Brasil é responsável por mais de 70% das novas mortes registradas na América do Sul. A média de óbitos na região foi de 4.226 nos últimos sete dias, dos quais 3.068 foram no país (72,6% do total).
Nas últimas semanas, outros países da região também têm sofrido com o surgimento de uma nova onda, em meio ao registro de casos da variante brasileira nos vizinhos e a adoção de medidas de restrição para tentar frear o contágio (veja mais abaixo).
A região lidera em novas vítimas da Covid-19 mesmo sendo a que tem a menor população. São 430 milhões de habitantes na América do Sul, contra 749 milhões na Europa (que tem registrado uma média de 3.812 novas mortes e, proporcionalmente, muito mais idosos).
Na sequência, as regiões com mais mortes são: Ásia (média de 2.182 óbitos e 4,6 bilhões de habitantes), América do Norte (média de 1.847 óbitos e 592 milhões de habitantes) e África (média de 294 mortes e 1,3 bilhão de habitantes).
Se for levado em consideração o número de mortes em relação à população, a situação da região é ainda pior.
A América do Sul lidera com 9,81 novos óbitos a cada um milhão de habitantes, com quase o dobro de óbitos proporcionais em comparação com a Europa (5,09) e mais que o triplo da América do Norte (3,12). A Ásia tem 0,47 e a África, 0,22.
A Opas (braço da OMS na América) alertou que a situação da pandemia na América do Sul é a que mais preocupa no mundo (veja no vídeo abaixo).
O Brasil é disparado o pior país da América do Sul e concentra 60% de todas as mortes e 60% de todos os casos confirmados de Covid-19 da região.
Uruguai como mau exemplo
Considerado um exemplo na luta contra a pandemia em 2020, o Uruguai hoje registra a maior quantidade de novos casos diários per capita do mundo e é o 5º país com a maior mortalidade proporcional.
São mais de mil novos infectados a cada um milhão de uruguaios, muito à frente de Bahrein (669), Turquia (649), Chipre (622) e Suécia (587), que completam o top 5. A Argentina é o 14º do ranking (447).
Em mortes proporcionais, o país tem registrado 16,61 mortes a cada um milhão de habitantes, atrás apenas de Hungria (27,83), Bulgária (19.74), Bósnia e Herzegovina (18,94) e Macedônia do Norte (18,31). O Brasil é o 9º do ranking (14,44).
No total, o país de cerca de 3,5 milhões de habitantes tem 149 mil casos confirmados e apenas 1.595 óbitos pelo novo coronavírus, menos da metade do que o Brasil tem registrado por dia.
O Uruguai nunca decretou um lockdown nacional, mas recentemente suspendeu as aulas presenciais e os espetáculos públicos, além de manter fechado parte dos serviços públicos não essenciais. Estabelecimentos comerciais de todos os setores, incluindo bares e restaurantes, seguem abertos.
O presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, reluta em endurecer as medidas de restrição e diz que seu governo não acredita em “um Estado policial”. Ontem à noite, um forte panelaço ecoou em vários bairros de Montevidéu em protesto por mais medidas para conter os contágios.
Recorde de casos na Argentina
Já a Argentina registrou um recorde de 27.001 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas, e o governo estuda adotar novas medidas de restrição. O país tem 2,5 milhões de infectados e mais de 58 mil mortes até o momento.
“As reuniões informais nos preocupam como a principal fonte de contágios”, afirmou Juan Manuel Castelli, chefe de estratégias sanitárias do Ministério da Saúde. A ocupação de leitos na região metropolitana de Buenos Aires passou de 56% para mais de 70% em duas semanas.
“Estamos diante de um grande aumento da velocidade de transmissão do vírus, com o surgimento de novas variantes”, diz Analía Rearte, vice-presidente da Sociedade Argentina de Vacinologia e Epidemiologia, após uma reunião de emergência com autoridades do governo Alberto Fernández.
Confinamento na Colômbia
Para conter o avanço da terceira onda de Covid-19, o presidente da Colômbia, Iván Duque, anunciou na terça-feira (13) que cerca de 12 milhões de pessoas serão confinadas no fim de semana na capital Bogotá e mais três cidades.
“As próximas semanas serão de desafios enormes nos sistemas de saúde do mundo, e já existem motivos de peso em nosso país para se dizer que, em vários lugares, há uma terceira onda”, afirmou o presidente na televisão.
Durante o confinamento, só as pessoas que trabalham em setores essenciais serão autorizadas a sair de casa e apenas uma pessoa por família poderá sair para comprar comida, remédios ou artigos de primeira necessidade.
Autoridades colombianas vêm impondo e endurecendo medidas de restrição desde o fim de março. O país de 50 milhões de habitantes tem 2,6 milhões de casos confirmados da doença e mais de 66 mil mortes.
A Colômbia é o segundo país com infectados e mortes da América do Sul, atrás apenas do Brasil, que tem 13,6 milhões de casos confirmados e mais de 358 mil vítimas da Covid-19.
G1