O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), com apoio da Polícia Civil do Rio e da Corregedoria-Geral da Polícia Militar, deflagrou nesta terça-feira (30/6) a operação Tânatos, que cumpriu a prisão de dois suspeitos de integrar o chamado ‘Escritório do Crime’, organização criminosa que comete homicídios por encomenda.

Os presos são os irmãos Leonardo Gouvêa da Silva (chamado de “Mad”) e Leandro Gouvêa da Silva (chamado de “Tonhão”). ‘Mad’ é apontado como chefe da organização, responsável pela negociação, planejamento, operacionalização e coordenação das ações criminosas. O irmão de Mad, ‘Tonhão’, atua como motorista do grupo, além de levantar informações e monitorar as vítimas.

Outros dois denunciados, que ainda não foram presos, cumprem funções semelhantes: os ex-policiais militares João Luiz da Silva (conhecido como ‘Gago’) e Anderson de Souza Oliveira (chamado de ‘Mugão’).

O ‘Escritório do Crime’ é suspeito do assassinato da vereadora Marielle Franco, em 24 de março de 2018, e do motorista Anderson Gomes. Segundo investigação, eles possuem estreita ligação com o miliciano Adriano da Nóbrega, que foi denunciado pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ na operação “Intocáveis”, em janeiro de 2019. Após ter prisão decretada, ele se tornou foragido.
Em fevereiro deste ano, Adriano foi morto em uma ação registrada como confronto contra a PM, na Bahia, durante operação que visava prendê-lo. A mãe e a ex-esposa de Adriano, Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça, já trabalharam no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), na época em que ele era deputado estadual. Investigação do MP no esquema das ‘rachadinhas’ (desvio dos salários de servidores) na Alerj aponta ligação entre Adriano e o ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, preso neste mês.

“Fortemente armados” 

A operação é resultado de três denúncias apresentadas pelo Gaeco. Em uma delas, descreve-se que na atuação do grupo criminoso há “emprego ostensivo de armas de fogo de grosso calibre”. “A agressividade e destreza nas ações finais revelam um padrão de execução. Fortemente armados e com trajes que impedem identificação visual, tais como balaclava e roupas camufladas, os atiradores desembarcam do veículo e progridem até o alvo executando-o sem chances de defesa”, informou o MP-RJ. 
Adriano da Nóbrega é apontado como mandante do homicídio de Marcelo Diotti da Mata, executado no dia 14 de março de 2018, mesma data do homicídio de Marielle. Diotti já havia sido preso por homicídio e exploração de máquinas de caça-níqueis e era visto como desafeto por seus executores, segundo o MP.
O grupo também é apontado como autor da tentativa de execução do policial militar reformado Anderson Cláudio da Silva ( conhecido como ‘Andinho’) e do PM Natalino dos Santos Rodrigues, em janeiro de 2018. Anderson acabou sendo morto pelo grupo no dia 10 de abril, quando o grupo buscou novamente a sua execução.


Segundo investigação, a organização possui estrutura ordenada e voltada principalmente “para o planejamento e execução de homicídios encomendados mediante pagamento em dinheiro ou outra vantagem”.

Correio Braziliense