Senadores da CPI da Covid criticaram nesta segunda-feira (31) a realização da Copa América no Brasil. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), classificou a decisão de “escárnio” e chamou o torneio de “campeonato da morte”.
A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) informou mais cedo que o Brasil é a nova sede do torneio, a ser realizado entre junho e julho. A Argentina, que seria uma das sedes originais, desistiu por causa da alta da Covid no país. Outra das sedes originais, a Colômbia, abriu mão por enfrentar uma crise política, com manifestações nas ruas.
De acordo com o ge.globo, a decisão da Conmebol contou com o aval do governo federal. A confederação, no Twitter, agradeceu ao presidente pela ida do torneio para o Brasil.
Também na rede social, Renan citou as mais de 462 mil mortes por Covid já registradas no Brasil desde o início da pandemia.
“Com mais de 462 mil mortes sediar a Copa América é um campeonato da morte. Sindicato de negacionistas: governo, Conmebol e CBF. As ofertas de vacinas mofaram em gavetas mas o ok para o torneio foi ágil. Escárnio”, escreveu Renan.
Colega de Renan na CPI, Humberto Costa (PT-PE) afirmou que a realização do torneio no Brasil é uma “insanidade” do presidente Jair Bolsonaro.
“Enquanto o povo cobra movimentos do governo no caminho da vacinação, Bolsonaro dá mais uma demonstração de descaso e insanidade confirmando a Copa América no Brasil. Os governadores devem se posicionar no sentido contrário. É mais um grande absurdo desse governo”, disse Costa.
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que vai protocolar um requerimento de convocação do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, para prestar depoimento à comissão.
“Se realizado, o evento será uma afronta às mais de 450 mil vidas que perdemos para a Covid-19 no Brasil”, afirmou.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE), suplente na CPI, ironizou dizendo que o governo brasileiro demorou muito mais para responder o e-mail da Pfizer, com oferta de vacinas, do que o da Conmebol. Ele fez uma referência às propostas da Pfizer para a venda de doses que ficaram sem resposta do governo federal em 2020.
“Quase 1 ano para responder a oferta de vacinas da Pfizer e menos de 24 horas para responder a oferta da Conmebol para realizar a Copa América no Brasil. Qual a prioridade deste governo?”, questionou o senador.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) classificou a decisão de realizar a Copa América no Brasil de “deboche” e “surreal”.
“Surreal que um governo que ignore compra de vacinas numa pandemia mundial responda tão rapidamente um pedido para realização de um evento internacional no país. A Copa América no Brasil é um deboche e um desrespeito com as 460 mil famílias em luto no país”, afirmou a parlamentar.
O vice-presidente Hamilton Mourão, questionado por jornalistas, argumentou que realizar o torneio no Brasil representará menos riscos do que se fosse sediado na Argentina.
“Vamos dizer o seguinte, que é menos…. Não é que seja mais seguro, é menos risco. Não é mais. É menos. O risco continua”, disse Mourão.
G1