O governo brasileiro analisa um convite feito pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) para se tornar um dos “aliados” do grupo a partir de janeiro de 2024..
A informação foi confirmada ao g1 pela Secretaria de Comunicação Social do governo, que diz que não há decisão tomada sobre o convite. Segundo interlocutores do governo, o tema está sob análise do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Depois da publicação desta reportagem, o Ministério de Minas e Energia confirmou que o convite está em análise. Em resposta ao g1, o Ministério da Fazenda disse que o ministro Fernando Haddad não vai comentar por se tratar de um pedido em análise.
Em nota na tarde desta quinta-feira (30), a Opep deu como certa a entrada do Brasil no grupo. A organização realizou reunião ministerial com participação de Silveira.
“A reunião deu as boas-vindas a Sua Excelência Alexandre Silveira de Oliveira, Ministro de Minas e Energia da República Federativa do Brasil, que aderirá à Carta de Cooperação da OPEP+ a partir de janeiro de 2024”, diz a nota.
Do Oriente Médio, onde acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem oficial, o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) comentou o convite. Ele disse que para o Brasil faz mais sentido integrar mesmo a Opep +, e não a Opep.
Segundo Silveira, a Opep + discute as opiniões dos países produtores de petróleo neste momento de transição energética.
“Do grupo do Opep não faz sentido participarmos. Mas o do Opep+, aceitamos analisar o convite, porque o objetivo dele é discutir a posição dos países produtores de petróleo nesta fase de transição energética no mundo”, afirmou o ministro.
Segundo ele, interessa ao Brasil participar de grupo de discussões sobre a transição energética mundial, mas ressaltou que ainda não há uma decisão. O tema será debatido pelos ministérios de Minas e Energia, Fazenda, Meio Ambiente e Relações Exteriores. A decisão final será do presidente Lula.
Opep, Opep+ e membros
A Opep, criada em 1960, reúne hoje 13 grandes países ofertantes de óleo no mundo como Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Venezuela.
Não participam do grupo, no entanto, outros grandes produtores como Estados Unidos, Canadá, Brasil, China e Catar.
A sigla “Opep+”, com o símbolo de adição, inclui também os chamados “países aliados” – que não integram a organização propriamente, mas atuam de forma conjunta em algumas políticas internacionais ligadas ao comércio de petróleo e na mediação entre membros e não membros.
Entre os aliados que compõem a Opep+ estão, atualmente, países como Azerbaijão, Bahrein, Malásia, México e Rússia.
Os integrantes da Opep+ fazem reuniões regulares para avaliar o cenário de oferta de petróleo no mundo e implementam cortes ou aumento de produção, exercendo influência sobre os preços do barril.
O secretário-geral da Opep, Haitham Al Ghais, esteve no Brasil em outubro.
Reuniões no Brasil
Durante a passagem pelo Brasil em outubro, Haitham al-Ghais participou de reuniões com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com Alexandre Silveira.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, acompanhou os encontros.
Na ocasião, Silveira foi questionado por jornalistas sobre a possibilidade de o Brasil entrar na Opep+ e disse que o país não analisava o convite “a princípio”.
“O Brasil não analisa essa possibilidade a princípio. É claro que um país com a possibilidade produtora do Brasil interessa à Opep+, mas a nossa visão é de que a economia brasileira precisa de ser estimulada e um dos grandes estímulos é criar competitividade interna nos preços dos combustíveis”, afirmou.
O Brasil já havia sido convidado para participar do grupo em 2019. À época, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o convite informal havia partido da Arábia Saudita.
Outra tentativa de aproximação ocorreu em 2020, quando o então secretário-geral da Opep, Mohammad Sanusi Barkindo, convidou o Brasil para participar do acordo de cooperação do grupo e aliados.
Os países retirariam 9,7 milhões de barris de petróleo por dia do mercado por causa da redução de demanda na pandemia de Covid.
G1