O sucesso e as riquezas de Kylie Jenner vem de berço. Filha da socialite Kris Jenner e da ex-atleta Caitlyn Jenner, e irmã da socialite e empresária Kim Kardashian, a mais jovem Jenner sempre esteve nos holofotes — em especial em 2020, quando, aos 22 anos, se tornou a bilionária mais jovem segundo a Forbes, com uma fortuna estimada em 1 bilhão de dólares.

Tudo graças à marca dela, a Kylie Cosmetics, conhecida por seus kits de batons e outros cosméticos por 29 dólares, e também aos programas de televisão e anúncios que ela faz para marcas como a Puma.

Em janeiro, ela vendeu 51% de sua companhia para a gigante Coty, empresa multinacional de cosméticos, pela bagatela estimada de 600 milhões de dólares, o que confirmou as predições feitas pela revista americana desde 2018, quando Jenner estampou a capa da publicação e foi chamada de  “uma invenção da era do Instagram”. Com a compra, o valor de mercado da empresa de Kylie ficou entre 1,2 bilhões de dólares.

Mas, como nem tudo que reluz é ouro, a verdade veio à tona — e por mais que seja muito rica, Kylie ainda não é uma bilionária que “construiu a sua própria fortuna”. Documentos publicados pela Coty desmascararam os lucros gigantescos apresentados pela Kylie Cosmetics e mostraram que o negócio é muito menor e menos lucrativo do que o clã Kardashian-Jenner divulgava. Pelas contas da revista, unindo as mentiras ao impacto da covid-19 na venda de cosméticos, Jenner é agora uma ex-bilionária e tem uma fortuna estimada em 900 milhões.

A reportagem feita pela Forbes indica que a Jenner provavelmente entregou “declarações fiscais provavelmente forjadas”, o que revela, segundo a publicação, “o quão desesperados alguns dos ultra-ricos estão para parecer ainda mais ricos”. A matéria ainda diz que “mentiras brancas são esperadas da família que criou e monetizou o conceito de ser famoso por ser famoso”.

À Forbes, a Coty afirmou que o valor verdadeiro da compra foi de 177 milhões de dólares e que a Kylie Comestics lucrou 125 milhões em 2018, enquanto a família Jenner afirmou que, à epoca, o lucro havia sido de 360 milhões de dólares. Quando a linha para cuidados com a pele foi lançada, em maio de 2019, representantes da jovem disseram à revista que faturaram 100 milhões de dólares em vendas apenas no primeiro mês. A verdade? As expectativas da empresa eram de que o ano seria fechado com apenas 25 milhões de dólares em venda.

A empresa americana de e-commerce Rakuten, especializada em verificar o número de receitas, aponta uma queda de 62% nas vendas online da marca de Kylie entre 2016 e 2018. Mais uma mentira para adicionar à paleta de sombras. Para a Forbes, as Kardashian-Jenner têm mentido sobre o estado da empresa desde seu lançamento, em 2016.

Segundo a Coty, os lucros de Kylie são significantemente menores do que os que ela divulgava à imprensa. A margem dos Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (EBITDA, na sigla em inglês) dela está em torno de 25%.

Outra mentira está em para quem todos os lucros são direcionados. Se os Jenners dizem que o dinheiro vai para a Kylie, o acordo de venda para a Coty aponta um fundo controlado pela mãe dela, Kris Jenner. Segundo a matriarca, o fundo teria sido feito antes da filha fazer 18 anos e benefeciam somente à ela — mas tudo indica que o fundo foi criado depois de Kylie fazer dezoito anos, em 2015, e que a verdadeira beneficiária é a Jenner mãe. O que pode significar que Kylie é dona de 44,1% da Kylie Cosmetics e não de 49%.

A filha mais nova de Kris e Caitlyn tem 187 milhões de seguidores no Instagram. Em 2018, eram 110 milhões, uma base fiel de clientes. À época, Kylie fez o Snapchat perder 1,3 bilhão de dólares em valor de mercado com apenas um tuite. Até o momento, ela e a família estão em silêncio sobre as alegações. Resta saber o que um tuite dela fará com a própria empresa.

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