Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) defendeu nesta terça-feira (29) que a comissão seja prorrogada porque há “informações gravíssimas” com relação à possibilidade “de desvio de dinheiro público no âmbito da administração federal”. Segundo ele, já há assinaturas suficientes para estender os trabalhos por mais noventa dias.
A comissão foi instalada em 27 de abril e tem previsão de ser encerrada no dia 7 de agosto. Nesta segunda (28), o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou requerimento pedindo a prorrogação da comissão em decorrência da “vasta documentação recebida” e “dos inúmeros fatos levantados” que demandam um aprofundamento da investigação.
“Essa comissão parlamentar de inquérito vai ampliar o seu prazo de duração porque a partir de agora nós já começamos a acessar informações gravíssimas com relação à possibilidade de desvio de dinheiro público no âmbito da administração federal”, afirmou Renan na abertura da sessão desta terça.
O relator citou a sessão da última sexta-feira (25), na qual os irmãos Luis Ricardo Mirando (servidor do Ministério da Saúde) e Luis Claudio Miranda (deputado federal) relataram pressão pela liberação da vacina indiana Covaxin e indícios de irregularidades no contrato. Segundo eles, o presidente Jair Bolsonaro foi informado das denúncias. O Ministério Público investiga a aquisição da Covaxin.
“Já estão coletadas todas as assinaturas para prorrogação dos nossos trabalhos. Nós já adentramos em uma nova fase da investigação. As fases que ficaram para trás restam comprovadas por depoimentos, por informações, por confissões, e nós estamos, paralelamente, fazendo a transferência dos sigilos e nos detalhando com relação a essa problemática que esta CPI reúne”, continuou Renan.
A prorrogação da CPI depende da coleta de 27 assinaturas entre os 81 senadores. Para ser formalizada, é necessária a leitura do requerimento de prorrogação pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Sessão desta terça
A sessão desta terça-feira da CPI ouve o deputado estadual do Amazonas Fausto Junior (MDB). Ele foi o relator de uma CPI no estado que investigou superfaturamento de equipamentos médicos comprados pelo governo local para combate à pandemia.
Antes do depoimento, os senadores decidiram votar nesta quarta-feira (30) requerimentos de convocação. Entre os quais, está o do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).
À CPI, o deputado Luis Miranda contou ainda que, quando fez a denúncia de suspeitas sobre o contrato ao presidente, Bolsonaro reagiu dizendo: “Isso é coisa de fulano”, em referência a um parlamentar.
“Ele diz: ‘Isso é coisa do fulano. [Palavrão], mais uma vez’. E dá um tapa na mesa”, relatou o parlamentar.
Miranda resistiu a apresentar o nome do parlamentar citado por Bolsonaro, mas, ao final de seu depoimento, afirmou que o era Barros.
G1