Três dias após uma nuvem de fumaça encobrir Goiânia e várias cidades de Goiás, o fenômeno ainda permanece no ar em cerca de 30%, informou nesta quarta-feira (28) o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo). Segundo ele, a fumaça só deve se dissipar completamente depois das chuvas.
“Agora estamos considerando que está um pouco acima do que estava anteriormente. Já é possível enxergar o céu azul gradativamente, mas nós precisamos de chuva, porque o ar não ficou 100% bom”, explicou o gerente.
Um gráfico mostra o monitoramento da presença de material particulado (MP), que é o conjunto de poluentes que inclui poeiras, fumaças e outros materiais sólidos e líquidos, na atmosfera do estado, no mês de agosto (veja abaixo).
Nele é possível analisar a quantidade de partículas grossas e finas inaláveis que teve o maior pico a partir do último domingo (25) e uma queda na segunda-feira (26). Contudo, a presença do material particulado permanece acima do normal relacionado ao período de estiagem.
Origem da fumaça
A região mais afetada do estado é a Centro-Sul, mas parte do Norte de Goiás também foi atingida. O gerente destacou que a nuvem de fumaça encobriu o estado devido ao avanço de uma frente fria, que mudou o fluxo dos ventos e isso empurrou e espalhou as fumaças das queimadas que estão ocorrendo no Norte do país e em Goiás.
“Quando está chovendo, é formada uma zona de convergência, que é um fluxo que vai lá na Cordilheiras, bate e volta para a região central do Brasil. Esse fluxo, ele continua. Só que ele está transportando, além de umidade, fumaça, onde está seco”, ressaltou.
Voos cancelados
Mais de 25 voos foram cancelados no último domingo (25), em Goiânia, devido à nuvem de fumaça, conforme o último boletim divulgado pela assessoria do terminal, às 16h10. A assessoria do terminal informou que estava operando com baixa visibilidade e com restrições para pouso, desde as 7h.
No dia seguinte, o aeroporto voltou a operar normalmente, apesar do horizonte continuar turvo e poluído, segundo a empresa CCR Aeroportos, responsável pela administração do aeroporto.
Riscos à saúde
Além da visão cinzenta do horizonte pela janela, o fenômeno também pode causar riscos para a saúde, segundo a médica infectologista Marina Roriz, do Hospital de Doenças Tropicais (HDT).
“Essa fumaça tem gás carbônico e fuligens, que são partículas maiores irritantes para a mucosa do nariz e de todo o trato respiratório”, disse.
A médica ainda disse que essa condição do clima e da baixa umidade do ar, são prejudiciais, principalmente, para pessoas que já possuem alguma alergia, como rinite e sinusite.
Segundo ela, as crises alérgicas podem vir acompanhadas de outras doenças respiratórias. Roriz ainda destacou que se a fumaça continuar por muito mais tempo no ar, os prejuízos à saúde podem ser a longo prazo também.
“A exposição contínua pode levar a problemas crônicos, como alterações pulmonares e em todo o trato respiratório, além do cansaço crônico”, detalhou.
G1 Goiás