O médico Fábio Marlon Martins Franca foi preso na tarde de quinta-feira (27) por não atender o delegado Alex Rodrigues da Silva com prioridade, ou seja, antes de outros pacientes que aguardavam atendimento no posto de saúde de Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros, segundo a secretária municipal de Saúde, Gesselia Batista Fernandes. A Polícia Civil nega que este tenha sido o motivo da prisão e pontua seis crimes contra o profissional.
Gesselia Batista disse estar “surpresa” com a prisão.
“É um médico que não temos reclamações dele. Como colega de trabalho, por cinco anos, nunca vimos uma pessoa reclamar dele. Como secretária, nunca recebi reclamação. Essa prisão foi algo que nos chocou muito”, declarou Gesselia Batista.
Em nota, a Polícia Civil informou que o médico foi preso por exercício irregular da profissão, desacato, resistência, desobediência, ameaça e lesão corporal. A corporação disse ainda que o profissional se alterou e ofendeu o delegado e sua equipe, o que seria confirmado por testemunhas, uma delas, inclusive, enfermeira da unidade de saúde (leia a íntegra ao final).
Apesar da alegação da polícia, a prefeitura explicou que a situação do médico é regular, pois ele se formou no Paraguai e não precisa do cadastro brasileiro para atuar no posto de saúde. Segundo a secretária, ele atende em Cavalcante por meio de contrato com o programa Mais Médicos do governo federal, desde novembro de 2016, o qual se encerrará em 19 de novembro deste ano.
O médico passou por audiência de custódia nesta sexta-feira (28) e foi liberado do presídio.
Uma testemunha, que preferiu não se identificar, estava no posto de saúde e relatou como a polícia realizou a prisão.
“Quando abriram a porta, já saíram com o doutor algemado. Ainda deram um empurrão nele lá fora, o colocaram no camburão e levaram para delegacia. O médico pediu para a gente filmar, mas o delegado ainda nos ameaçou dizendo que seria todo mundo preso, e tinha muito paciente no momento”, contou a testemunha.
De acordo com testemunhas, o delegado apresentava sintomas gripais e fez o teste rápido para Covid no posto de saúde. Mais tarde, quando voltou para buscar o resultado, viu que deu positivo e, por isso, pediu atendimento prioritário por ser autoridade.
O médico, por sua vez, recusou o atendimento prioritário, segundo a sua assessoria. Depois, o delegado voltou com dois policiais e levou Fábio Franca algemado de dentro do posto de saúde.
Nota da Polícia Civil
A Polícia Civil de Goiás vem, por meio desta nota, explicar a notícia que surgiu em portais de comunicação locais sobre a prisão de um médico, supostamente por ter negado atendimento prioritário a um Delegado.
O Delegado de Polícia Alex Rodrigues, responsável pela Delegacia de Cavalcante, esteve no consultório com sintomas de Covid-19 na manhã de quinta-feira, 27 de janeiro de 2022, e no decorrer do dia, nas visitas que fez ao posto médico para tratar de seus exames, e em decorrência da forma em que o profissional o atendia, terminou sendo cientificado de que o médico estaria atuando de tal maneira por insegurança, dado ao exercício profissional irregular praticado. Realizados levantamentos técnicos acerca do registro profissional do suposto médico, Fábio França, constatou que o registro do médico junto ao Conselho Regional de Medicina de Goiás estava cancelado.
Diante da situação, impelido pelo dever legal que o acomete, tomou as medidas cabíveis para o esclarecimento dos fatos, inicialmente diretamente com o autuado, e no consultório onde realizava atendimento clínico, quando o médico se alterou e ofendeu a autoridade policial e sua equipe, fatos confirmados por testemunhas ouvidas no decorrer da lavratura do procedimento, uma delas, inclusive, enfermeira da unidade de saúde.
O conduzido foi autuado em flagrante delito pelos crimes de exercício irregular da profissão, desacato, resistência, desobediência, ameaça e lesão corporal.
Por cautela foi determinado pela Delegacia-Geral de Polícia Civil o acompanhamento direto e imediato da ocorrência pela Gerência de Correições e Disciplina. A PCGO reafirma seu compromisso com os cidadãos, colocando-se sempre no mesmo nível que os demais goianos e nunca corroborando com atitudes de abuso de autoridade.
A corregedoria da Polícia Civil de Goiás acompanhará o caso em toda sua extensão.
G1