Marcus Vinicius Rodrigues, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), foi exonerado do cargo na última terça-feira (26). Em entrevista ao Bom Dia Brasil, ele afirmou que não há comunicação dentro do Ministério da Educação (MEC).
Na segunda-feira (25), Rodrigues assinou uma portaria sobre as novas regras do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Segundo o documento, a avaliação da alfabetização de crianças não seria feita na edição de 2019. Horas depois da publicação no Diário Oficial da União, o Inep afirmou que esse teste só seria aplicado em 2021.
Depois de gerar polêmica, a portaria foi anulada no dia seguinte, pelo ministro da Educação, Ricardo Veléz Rodríguez. Ainda não foi divulgado o novo documento com as regras do Saeb.
O ex-presidente do Inep diz que assinou a portaria com respaldo do secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim.
Marcus Vinicius Rodrigues aponta que não há diálogo entre os membros da pasta. “Foi um processo muito ruim, que mostrou a incompetência gerencial muito grande”, disse. Ele também declarou que, em três meses de governo, não houve nenhuma reunião de trabalho com o ministro da Educação.
Ministro rebate e diz que houve ‘puxada de tapete’
Em audiência pública na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (27), o ministro da Educação afirmou que Marcus Vinicius Rodrigues foi demitido porque “puxou o tapete”.
“A última demissão no MEC [ocorreu] porque o diretor-presidente do Inep puxou o tapete. Ele mudou de forma abrupta o entendimento que já tinha sido feito para a preservação da Base Nacional Curricular e fazer as avaliações de comum acordo com as secretarias de educação estaduais e municipais ”, disse Vélez.
Ele declarou também que, embora Rodrigues tenha se baseado em pareceres técnicos para assinar a portaria sobre o Saeb, não havia debatido o assunto no MEC. “Realmente, considerei um ato grave”, afirmou o ministro.
Perfil de Rodrigues
Marcus Vinicius Rodrigues é ex-professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e tem doutorado em engenharia. Ele estava no cargo desde 22 de janeiro e comandava o órgão do MEC responsável por exames como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Logo após a posse, defendeu a revisão do banco de questões do exame,criticou “ideologias e crenças inadequadas” dentro das escolas e defendeu a ação dos militares no golpe de 1964.
Demissões e polêmicas
A demissão de Rodrigues é a mais recente em uma série de mudanças nos cargos do alto escalão do MEC. Ela se soma a outras polêmicas que envolvem a área da educação no governo. O ministro Ricardo Veléz Rodríguez está no centro de uma crise política e de uma “guerra interna“, conforme afirma o colunista do G1 Valdo Cruz. Recentemente, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, disse que o MEC precisava de um “freio de arrumação”.
A portaria que adiava a avaliação de alfabetização levou à demissão da engenheira e professora Tania Leme de Almeida do cargo de secretária de Educação Básica do Ministério da Educação. Em sua despedida, ela disse que seu pedido de demissão é o “preço que paga” em sua luta por uma educação de qualidade.
Fonte: Portal G1