Os bares e estabelecimentos similares estão proibidos de vender bebida alcoólica entre 22h e 6h a partir desta terça-feira (26), conforme decreto publicado pelo governo de Goiás como medida para conter o aumento de novos casos de coronavírus no estado.
O documento diz que a restrição é para comércio e consumo de bebidas alcoólicas em locais de uso público e coletivo em Goiás, o que engloba as distribuidores de bebidas e restaurantes. A fiscalização ostensiva fica a cargo da Polícia Militar e da Vigilância Sanitária.
O descumprimento da norma vai ser penalizada com multa, interdição do estabelecimento e cancelamento do alvará sanitário, de acordo com o texto.
A proposta da lei seca foi colocada em votação por meio de uma enquete na segunda-feira (25) e a maioria dos prefeitos goianos apoiaram a medida.
A principal preocupação apresentada por prefeitos em uma videoconferência é a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nos hospitais municipais e estaduais. Os prefeitos de Itumbiara, Porangatu, Jataí, Luziânia e Formosa informaram que todos os leitos estavam ocupados na segunda-feira.
Para o governador Ronaldo Caiado, a crescente taxa de ocupação na rede hospitalar pública pode se agravar sem a adoção de medidas restritivas.
“Minha visão médica é que podemos, amanhã, estar numa situação crítica”, pontuou o governador.
Para a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, os bares são os locais de maior risco de contágio.
“Porque as pessoas se aglomeram e retiram a máscara. Quando tem bebida alcoólica, a pessoa fica mais tempo no local. Essa seria medida a restritiva [Lei Seca] para evitar aglomerações”, avaliou Amorim.
Coronavírus em Goiás
O balanço sobre o coronavírus da Secretaria Estadual de Saúde, desta terça-feira, mostra que 342.816 pessoas estão infectadas e 7.318 morreram por complicações causadas pelo vírus. Nas últimas 24 horas, a secretaria registrou 2.706 novos infectados e 23 mortes.
O governo goiano disse estar preocupado também com o aumento na taxa de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), que segundo o governador Ronaldo Caiado (DEM) está “no limite”. Nesta quarta, porém, a taxa chegou a 80%.
“Estamos naquele limite. A transmissibilidade [da Covid-19] tem sido alta. A letalidade tem mantido o percentual de 2% e também temos a preocupação com finais de semana e eventos. Não podemos ter uma oscilação para mais nesse quadro que estamos vivendo agora”, destacou o governador.
Crescimento de casos positivos
Flúvia Amorim destacou um estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) para fundamentar a proposta da Lei Seca que mostra que a segunda onda da Covid-19 chegou ao estado.
Para a superintendente, o temor é que este momento seja pior que o primeiro, como tem sido visto em outros estados, apontando o exemplo do Amazonas, que entrou num colapso da rede pública de saúde.
O estudo separou 10 cidades goianas que apresentam grau elevado de transmissibilidade da doença. Flúvia Amorim explica que os municípios que têm taxa média de contágio acima de 1 ponto estão com a transmissão do vírus em estágio “acelerado”. Então, cada caso positivo gera mais um. Veja abaixo:
- Goiânia: 1.01
- Aparecida de Goiânia: 1.52
- Rio Verde: 1.75
- Águas Lindas de Goiás: 1.54
- Luziânia: 1.74
- Valparaíso de Goiás: 1.76
- Trindade: 1.83
- Formosa: 1.27
- Novo Gama: 1.75
- Senador Canedo: 1.61
Testagem em Goiânia
A escalada dos casos positivos em Goiânia preocupa a administração municipal, conforme o secretário de Saúde da capital, Durval Fonseca Pedroso. Segundo ele, a última testagem em massa realizada pela prefeitura em janeiro mostrou que a taxa de transmissão do vírus subiu para 14%, numa amostra de 4 mil pessoas, enquanto a mesma taxa era de 3,5% em novembro do ano passado.
“Dos testados, 200 pessoas passaram por avaliação médica e metade apresentava sintomas da doença. O que preocupa é a circulação do assintomático de maneira mais relaxada”, ressaltou o secretário.
Como a taxa de ocupação dos leitos de UTI em Goiânia está próxima a 80%, o secretário informou que foram acrescentados mais 28 leitos exclusivos para a Covid-19 na última semana.
G1