Discurso afinado com o presidente do Fluminense Mário Bittencourt e afiado contra o retorno do Campeonato Carioca. Assim foi a entrevista coletiva virtual do volante Hudson, pouco antes do início das atividades físicas presenciais, no Centro de Treinamento (CT) Carlos Castilho, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Firme em todas as respostas, o jogador manteve o posicionamento do Fluminense contra o retorno imediato do Campeonato Carioca, elogiou Bittencourt e questionou os interesses de outros clubes pela volta da competição, uma vez que os demais Estaduais ainda não recomeçaram.
“Eu não tinha conhecido um presidente tão transparente e preocupado com o que os atletas pensam. Ele é um cara que trabalha exclusivamente para o Fluminense, não pensa em fatores externos, em qualquer tipo de manipulação ou de favorecimento a terceiros. Ele é um cara consciente e, como dono da instituição, ele se posiciona muito bem, na minha visão. No lugar dele, eu me posicionaria igualmente. É um momento muito difícil você ter que jogar futebol, paixão da maioria do povo brasileiro, sendo que o Brasil vive um momento dificílimo. Várias pessoas estão deixando de fazer suas coisas, mas o futebol precisa voltar com urgência, sem a preparação devida. É muito estranho essa pressa em voltar no Rio de Janeiro, um estado que é o segundo mais atingido no Brasil, sendo que há outros estados com menor índice e não há tanta pressa assim. Na minha visão, o futebol está voltando com tanta pressa assim por causa de diversos interesses internos e externos. Acho que só não enxerga isso quem não quer”.Audio Player00:0000:00Use Up/Down Arrow keys to increase or decrease volume.Ouça na Rádio Nacional
Questionado quais seriam os interesses internos e externos para o retorno do Campeonato Carioca, Hudson respondeu.
“Por exemplo, não tem só Flamengo e Vasco. Tem os clubes pequenos também que a gente sabe que precisam do futebol mais ainda para se manter. É a oportunidade de os jogadores se mostrarem, conseguirem um contrato para o segundo semestre. Flamengo e Vasco são grandes equipes do futebol brasileiro, eles deveriam dar o exemplo de um posicionamento. A gente vê alguns favorecimentos já acontecendo na parte externa, que eu não vou me alongar muito aqui, acho que não cabe muito a mim isso. Eu me preocupo muito com o futebol em si, e as partes externas têm que ser resolvidas externamente. Eu tenho que me preocupar em performar, mas tenho uma opinião muito bem formada e confesso que, às vezes, prefiro não detalhar ou explicar para que não venham polemizar ainda mais tudo que já está sendo polêmico no futebol brasileiro neste momento”.
Após coletiva, Hudson paraticipou de treino presencial no CT do Tricolor, na Zona Oeste da capital – Lucas Mercon/Fçuminense FC/Direitos reservados
A primeira partida de retorno do Fluminense está marcada para o próximo domingo (28), às 19h, no Maracanã. O presidente do Tricolor, Mário Bittencourt, é contrário à realização de jogos no estádio e quer transferir seus mandos de campo para São Januário. Hudson concorda com o dirigente e não vê clima para atuar no Maracanã.
“É lógico que é muito difícil, a gente pensar nas pessoas e parecer que estamos jogando futebol sem estar acontecendo nada lá fora. O maior exemplo disso é o Maracanã, que tem um hospital de campanha dentro de seu complexo. A gente fazer um gol e ter uma pessoa morrendo do lado é no mínimo estranho, no mínimo sem humanidade, é não pensar no próximo”.
Hudson também revelou os receios em relação às condições físicas dos atletas.
“Na nossa pré-temporada em que ficamos 30 dias de férias, na nossa primeira semana tivemos várias lesões musculares. Imagina você estar mais de 90 dias e ter que voltar em dez? Voltar em dez [dias] agora, porque queriam que a gente voltasse antes. É um desgaste completamente desnecessário que está tendo para que o bom senso prevaleça. Acho que é muito óbvio o que é bom para todo mundo. Nossa preocupação continua, dez dia é pouco tempo de preparação, mas vamos ter que superar isso mais uma vez.”
O Fluminense é o líder do Grupo B da Taça Rio, com nove pontos em três partidas.
Agência Brasil