O governador Ronaldo Caiado (DEM) propôs a prefeitos que proíbam a venda de bebidas alcoólicas após as 22h em bares, restaurantes e comércios em geral por meio da Lei Seca para conter a transmissão do coronavírus em Goiás. Foram ouvidos prefeitos de cidades que têm UTIs públicas, por meio de videoconferência nesta segunda-feira (25), para que apresentassem propostas e avaliassem a possibilidade de transferência de pacientes graves entre municípios, já que apenas quatro cidades têm leitos disponíveis.
A nova medida será implementada pelo governo após os prefeitos responderem a uma enquete se são favoráveis ou não à nova medida. Assim que a votação alcançar votos positivos da metade e mais um prefeito, o governo tomará a decisão por meio de decreto. Até as 15h50 desta segunda-feira, o governador informou que 50 prefeitos já votaram e 97% deles são favoráveis.
Caiado alertou para a alta taxa de ocupação dos leitos de UTIs no domingo (24), enquanto recebia 65,5 mil doses da vacina Astrazeneca/Oxford em Goiânia. O político avaliou o indicador como “no limite”.
A principal preocupação apresentada por prefeitos é a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nos hospitais municipais e estaduais. Os prefeitos de Itumbiara, Porangatu, Jataí, Luziânia e Formosa informaram que todos os leitos estão ocupados nesta segunda-feira.
Como Anápolis, Rio Verde, Aparecida de Goiânia e Goiânia têm vagas de UTI disponíveis, o governador informou que pode ser estudada uma forma de transferência de pacientes graves para estas cidades.
O prefeito de Luziânia, Diego Sorgatto, aproveitou o momento para solicitar instalação de novos leitos na cidade pela Secretaria Estadual de Saúde.
Para o governador Ronaldo Caiado, a crescente taxa de ocupação na rede hospitalar pública pode se agravar sem a adoção de medidas restritivas.
“Minha visão médica é que podemos, amanhã, estar numa situação crítica”, pontuou o governador.
Para a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, os bares são os locais de maior risco de contágio.
“Porque as pessoas se aglomeram e retiram a máscara. Quando tem bebida alcoólica, a pessoa fica mais tempo no local. Essa seria medida a restritiva [Lei Seca] para evitar aglomerações”, avaliou Amorim.
O presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiocchi, que representa os setores de bares e restaurantes, apoiou a medida, mas de forma momentânea.
“Podemos aumentar os leitos e ofertas de tratamento de Covid-19. Na medida que a pandemia for diminuindo a intensidade, podemos reduzir a Lei Seca para que os comércios voltem ao normal”, avaliou Baiocchi.
Crescimento de casos positivos
Flúvia Amorim ainda apresentou um estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) que mostra que a segunda onda da Covid-19 chegou ao estado.
Para a superintendente, o temor é que este momento seja pior que o primeiro, como tem sido visto em outros estados, apontando o exemplo do Amazonas, que entrou num colapso da rede pública de saúde.
O estudo separou 10 cidades goianas que apresentam grau elevado de transmissibilidade da doença. Flúvia Amorim explica que os municípios que têm taxa média de contágio acima de 1 ponto estão com a transmissão do vírus em estágio “acelerado”. Então, cada caso positivo gera mais um. Veja abaixo:
- Goiânia: 1.01
- Aparecida de Goiânia: 1.52
- Rio Verde: 1.75
- Águas Lindas de Goiás: 1.54
- Luziânia: 1.74
- Valparaíso de Goiás: 1.76
- Trindade: 1.83
- Formosa: 1.27
- Novo Gama: 1.75
- Senador Canedo: 1.61
Testagem em Goiânia
A escalada dos casos positivos em Goiânia preocupa a administração municipal, conforme o secretário de Saúde da capital, Durval Fonseca Pedroso. Segundo ele, a última testagem em massa realizada pela prefeitura em janeiro mostrou que a taxa de transmissão do vírus subiu para 14%, numa amostra de 4 mil pessoas, enquanto a mesma taxa era de 3,5% em novembro do ano passado.
“Dos testados, 200 pessoas passaram por avaliação médica e metade apresentava sintomas da doença. O que preocupa é a circulação do assintomático de maneira mais relaxada”, ressaltou o secretário.
Como a taxa de ocupação dos leitos de UTI em Goiânia está próxima a 80%, o secretário informou que foram acrescentados mais 28 leitos exclusivos para a Covid-19 na última semana.
“Essa questão dos bares deve ter avaliação sobre a permanência das pessoas neles. Precisamos de fiscalização mais ostensiva neste momento”, opina Pedroso.
G1