O índice de abstenção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 subiu no segundo dia e atingiu 55,3% do total de candidatos confirmados esperados para esta edição. Este é o maior índice de toda a história do Enem. Antes, o recorde havia sido registrado em 2009.
De acordo com o balanço do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 2.470.396 pessoas compareceram às provas (44,7%) e 3.052.633 (55,3%) faltaram. Ao todo, eram esperados 5,5 milhões de candidatos. O número exclui os candidatos do Amazonas e de duas cidades de Rondônia (Espigão d’Oeste e Rolim de Moura), que tiveram as provas adiadas devido à pandemia.
Quem perdeu a prova por problemas logísticos, como as salas lotadas, deve pedir a reaplicação do exame a partir das 12h desta segunda (25) até sexta (29). O pedido deve ser feito na Página do Participante. O endereço é https://enem.inep.gov.br/participante/. Cada caso será analisado pelo Inep e o candidato deve verificar, também na Página do Participante, se teve o pedido aceito.
“Foi mais do que a gente estava esperando”, afirmou Alexandre Lopes, presidente do Inep, sobre a taxa de abstenção do Enem. “Mas gosto de olhar o copo meio cheio: 2,5 milhões de pessoas conseguiram fazer a Enem em ambiente de pandemia, em ambiente de receio. Outros lugares do mundo não conseguiram fazer, e o Brasil, com todas as suas dificuldades logísticas e todas as suas desigualdades, você assegurar no meio da pandemia que 5 milhões pudessem fazer a prova e que 2,5 milhões façam a prova, eu acho isso uma vitória”, afirma.
“O Enem é uma política social e o gasto com política social não é imediato, ele vem no futuro. Garantir que o jovem entre na universidade agora, garantir que o jovem tenha acesso à faculdade no primeiro semestre, significa que lá na frente nós vamos ter profissionais que vão dar retorno à sociedade”, diz Lopes.
O presidente do Inep não citou a desigualdade social escancarada pela pandemia, com estudantes sem acesso à internet ou equipamentos eletrônicos que pudessem garantir o acompanhamento das aulas remotas.
O próximo domingo terá a aplicação do projeto piloto do Enem digital, com provas para 96 mil inscritos.
O primeiro dia de provas regulares do Enem, no último domingo (17), teve abstenção de 51,5% de candidatos que não compareceram ao local de prova.
O primeiro dia de provas foi marcado pelos candidatos barrados nos locais de prova porque as salas já estavam superlotadas. Após a aplicação do 1º dia, o Inep reconheceu que houve casos de impedimento de alunos em seis cidades de 3 estados: PR: Curitiba e Londrina; SC: Florianópolis; e RS: Pelotas, Caxias do Sul e Canoas. Nestes locais estariam as 11 salas com problemas, identificadas pelo Inep. Não foi informado pela autarquia o número de candidatos afetados por esses problemas.
Houve relatos de mais cidades com problemas de superlotação nos locais de prova, como em Porto Alegre e Santa Cruz (RS), e em Mogi (SP). Segundo o Inep, estes candidatos poderiam optar por comparecer ao segundo dia de aplicação e pedir para refazer apenas a primeira prova, ou não comparecer e pedir a reaplicação das duas datas.
O 2º dia de Enem, neste domingo (24), não teve registro de candidatos impedidos.
Números do Enem 2020
- Enem suspenso: 58 cidades terão reaplicação da prova: 56 no Amazonas e duas em Rondônia
- Doenças infectocontagiosas: Nesta edição, 18.210 pessoas pediram para participar da reaplicação por terem sintomas de doenças infectocontagiosas. Foram aceitas 13.716.
- Cidades, locais, salas: o Enem teve 1.689 municípios, 14.447 locais de prova e 201.380 salas de aplicação.
- Inscritos confirmados: 5.523.029 inscritos (o número exclui participante do AM e de duas cidades de RO que suspenderam as provas)
- Eliminados: 2.967 participantes foram eliminados por portar equipamentos eletrônicos, saírem da sala antes do horário permitido, entre outros, no 1º dia e 1.274 no 2º dia
- Logística: 69 foram afastados por “ocorrências logísticas”, como emergências médicas ou interrupção de energia elétrica no 1º dia e 14 no 2º dia.
Agência Brasil