A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, chamou o candidato republicano Donald Trump de retrocesso e disse que nas eleições de novembro nos EUA “é uma escolha entre a liberdade e o caos”. A fala ocorreu durante seu primeiro comício de campanha em West Allis, Wisconsin, um estado considerado chave para a disputa presidencial, nesta terça-feira (23).

Em discurso enérgico, Kamala disse que vai vencer a eleição contra Trump e enalteceu o presidente Biden. “Vencemos em 2020 e em 2024 vamos vencer de novo”, disse Kamala Harris.

A vice-presidente também agradeceu os delegados democratas, que formaram maioria na segunda (22) para garantir a indicação democrata à candidatura do partido nas eleições –em pouco mais de 24h após a desistência de Biden, o que embaralhou os republicanos, segundo Sandra Cohen.

A união dos delegados fez com que a mídia dos EUA já trate Kamala como a candidata do partido à presidência, mas ainda é necessária uma formalização por parte do comitê democrata. (Leia mais abaixo)

A realização de seu primeiro comício de campanha em Wisconsin tem um significado por trás: O estado é considerado fundamental na disputa eleitoral e foi um dos que decidiu as eleições de 2020, com Biden ganhando de Trump por cerca de 20 mil votos.

Kamala voltou a atacar Trump durante seu discurso, tal como fez em pronunciamento na segunda, dizendo que em seu tempo como procuradora-feral da Califórnia, entre 2011 e 2017, “lidou com muitos criminosos”. “Eu conheço o tipo do Trump”.

Kamala também chamou o candidato republicano Donald Trump de “retrocesso”. “Estamos focados no futuro, o outro, está focado no passado. Trump quer fazer nosso país retroceder”, disse. A frase foi no contexto de crítica ao Projeto 2025, atribuído pelos democratas à campanha de Trump, que supostamente prejudicaria o povo americano.

A democrata relembrou ainda a condenação de Donald Trump no caso Stormy Daniels, no qual ele foi considerado culpado por fraude ao disfarçar pagamentos feitos à atriz pornô como gastos de campanha em 2016. “Prometo que coloco meu histórico à prova contra o dele em qualquer dia da semana”, afirmou Kamala.

Kamala voltou à pauta do aborto, prometendo novamente que vai colocar o direito ao aborto na Constituição dos EUA caso chegue à Casa Branca. Desde que a reversão em 2022 da resolução Roe versus Wade, que garantia o direito ao aborto nacionalmente no país, os estados passaram a decidir sobre o assunto –em Iowa, uma lei que bane o aborto a partir da 6ª semana de gestação vai entrar em vigor na próxima segunda-feira (29).

“Vamos parar com as proibições contra aborto, porque acreditamos que as mulheres podem tomar decisões sobre os próprios corpos, e não ter um governo para dizer o que fazer”, disse Kamala.

Segundo um porta-voz da campanha de Kamala, sua equipe estimou que o evento desta terça terá mais pessoas presentes do que qualquer evento de campanha de 2024 realizado pelo presidente Biden, com cerca de 3.000 pessoas estimadas para comparecer em um ginásio de uma escola do ensino fundamental.

Uma pesquisa da Reuters/Ipsos divulgada pouco antes do comício mostrou Kamala e Trump empatados tecnicamente, com 44% de intenção de voto para a democrata e 42% para o republicano.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, já tem o número suficiente de delegados para ser nomeada a candidata à Casa Branca, segundo um levantamento da Associated Press. Com isso, a democrata está muito próxima de ser escolhida para disputar as eleições contra Donald Trump.

A Associated Press ouviu delegados democratas que irão votar para escolher o candidato do partido na eleição presidencial de novembro. Às 23h desta segunda-feira (22), Kamala alcançou a marca de 2.579 delegados — são necessários 1.976 para a nomeação.

O levantamento foi baseado em entrevistas individuais, além de declarações públicas de delegados e comitês estaduais. Além disso, a pesquisa identificou 54 indecisos. Apesar de não serem oficiais, os dados foram comemorados pela campanha de Kamala.

Os delegados representam a vontade dos membros do Partido Democrata de cada estado norte-americano durante as primárias. Esse processo aconteceu no começo do ano e foi vencido pelo presidente Joe Biden.

Como o presidente desistiu de concorrer à reeleição após pressões, as atenções se voltaram para Kamala. Lideranças democratas e o próprio Biden anunciaram que a apoiariam para ser a candidata.

O presidente do Comitê Nacional Democrata afirmou que o nome do partido para disputar a eleição presidencial será anunciado até o dia 7 de agosto. Uma votação virtual com os delegados pode acontecer a partir do dia 1º.

Já a convenção do Partido Democrata está marcada para ocorrer entre os dias 19 e 22 de agosto. O evento oficializará o candidato que disputará a eleição.

Ainda nesta segunda-feira, Kamala fez um discurso em um evento de campanha com tom de candidata. Ela criticou Trump e disse que “sabe lidar com criminosos”.

“Enfrentei criminosos de todos os tipos: predadores que abusaram de mulheres, fraudadores que enganaram consumidores, trapaceiros que quebraram as regras para seu próprio benefício. Então, ouçam-me quando digo: eu conheço o tipo de Donald Trump.”

Dois dos principais concorrentes de Kamala Harris à Casa Branca dentro do Partido Democrata desistiram da disputa e anunciaram apoio à atual vice-presidente.

Nesta segunda-feira (22), Gretchen Whitmer, governadora do estado do Michigan, e J. B. Pritzker, de Illinois, passaram a apoiar o nome de Harris para encabeçar a chapa democrata contra Donald Trump.

Com isso, já são cinco os nomes de pré-candidatos democratas que apoiam Kamala Harris abertamente. Os outros são:

Gavin Newsom, governador da Califórnia;
Josh Shapiro, governador da Pensilvânia;
Dean Phillips, deputado por Minnesota.

O senador de Ohio Sherrod Brown também era um nome cotado para concorrer contra Harris dentro do partido, mas ainda não se manifestou.

Entretanto, nomes importantes do partido, como o ex-presidente Barack Obama, o senador Chuck Schumer e o delegado Hakeem Jeffries — os democratas mais importantes no Congresso —, se mantêm neutros em relação à sucessão de Biden.

G1