O nível de insegurança alimentar está aumentando fortemente na América Central, onde quatro países enfrentam crises econômicas motivadas pela pandemia do novo coronavírus e catástrofes climáticas, advertiu (23) hoje a Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas, o número de pessoas em situação de insegurança alimentar, que em 2018 era de cerca de 2,2 milhões em El Salvador, Honduras, na Guatemala e Nicarágua, quase quadruplicou, atingindo 8 milhões.
Entre esses 8 milhões, 1,7 milhão de pessoas necessitam de ajuda alimentar de urgência, informou o PAM em comunicado, no qual também apela por maior envolvimento dos doadores.
A agência da ONU destacou que a região, onde vários anos de seca e de alterações climáticas perturbaram a produção alimentar, sofreu particularmente os efeitos dos furações de 2020, que destruíram colheitas vitais.
“Os furacões Eta e Iota, que atingiram a América Central em novembro de 2020, afetaram a vida de 6,8 milhões de pessoas que perderam as suas habitações e o seu ganha-pão”, acrescentou a organização internacional.
“Atendendo ao nível de destruição e aos problemas com que se confrontam as pessoas afetadas, calculamos que a recuperação seja longa e lenta”, considerou Miguel Barreto, chefe do PAM para a América Latina e Caribe.
Antes da chegada dos furacões, a pandemia já tinha atingido fortemente a população dos quatro países, onde um elevado número de núcleos familiares registou quebra de rendimento ou perda de emprego.
Segundo os inquéritos do PAM, o número de famílias na Guatemala que afirmam não ter o suficiente para comer duplicou em relação ao período anterior à pandemia, e o número aumentou mais de 50% em Honduras.
“As comunidades urbanas e rurais da América Central tocaram no fundo”, advertiu Miguel Barreto.
“A crise económica provocada pelo novo coronavírus já tinha tornado inacessíveis os alimentos disponíveis nos mercados para as famílias mais vulneráveis, que ainda foram mais afetadas pelos furacões Eta e Iota”, afirmou.
“Muitos não têm onde viver e refugiaram-se em abrigos temporários, onde sobrevivem com menos que nada”.
Devido à destruição de muitas habitações e quintas, as reservas alimentares ameaçam esgotar-se e as oportunidades de trabalho escasseia. Cerca de 15% das pessoas ouvidas pelo PAM afirmaram que pretendem emigrar, contra 8% em 2018.
O programa apelou aos doadores internacionais para intensificarem a ajuda, indicando que precisam de mais de US$ 47 milhões para ajudar 2,6 milhões de pessoas nos quatro países, durante os próximos seis meses.
Agência Brasil