O Governo de Goiás desistiu de liberar os lagos do João Leite e Altamiro de Moura Pacheco para atividades de lazer, entre Goiânia , Goianápolis, Nerópolis e Terezópolis de Goiás. Com isso, o uso hídrico do reservatório João Leite continua exclusivamente para abastecimento da Região Metropolitana da capital.

A medida aconteceu após discussões em consulta pública com ampla participação popular sobre os planos de manejo, uso público e da zona de amortecimento dos parques.

Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), a consulta pública é um mecanismo formal e legal e que torna o processo democrático, ou seja, dá voz a todos os interessados. A decisão foi feita com a manifestação e consenso da maioria, técnicos e especialistas.

A proposta foi dada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad) e foi discutida em audiência pública na última segunda-feira (18), mas ambientalistas reagiram contra a liberação.

O documento do plano de manejo previa no local uma zona de infraestrutura com área equivalente a 65 campos de futebol, onde poderiam ser instaladas estruturas e equipamentos para a visitação e uso coletivo.

Também estavam previstas rampa para pequenas embarcações, piers e guarda barcos. O plano também previa a derrubada de árvores nativas. No documento havia o plano de instalação de sistema para o tratamento de resíduos e esgoto, para evitar a contaminação do solo e da água.

Ambientalistas contra

Durante a audiência pública, ambientalistas foram contra a liberação das práticas nos dois locais, já que eles preservam grande parte da fauna e da flora, além de fornecer água tratada para a capital.

O presidente da Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (Arca), Gerson Neto, conta sobre os motivos da contrariedade da classe diante da possível liberação.

“Aquele lago não é para uso, é para manter a qualidade da água num melhor nível possível. A gente vai ameaçar nosso principal manancial de captação por uma atividade econômica que vai favorecer alguns poucos”, explicou Gerson.

Dimensão do Parque Altamiro de Moura Pacheco, em Goiás — Foto: Reprodução/Site Semad
Dimensão do Parque Altamiro de Moura Pacheco, em Goiás — Foto: Reprodução/Site Semad

João Leite e Altamiro de Moura Pacheco

O reservatório do João Leite tem capacidade para gerar água para mais de 3 milhões de pessoas. Juntos, os dois parques ocupam uma área de quase 5 mil hectares e abrigam 28 nascentes e 39 cursos d’água que alimentam o reservatório e recarregam os nossos lenções freáticos.

As áreas possuem quase 500 tipos diferentes de plantas, como paineiras e ipês, e centenas espécies de animais, algumas com risco de extinção como lobo-guará e tamanduá-bandeira. Além de preservar a fauna e a flora, os parques têm um papel fundamental de proteger a principal fonte de água de Goiânia.

G1