Um jovem de 24 anos denunciou que foi espancado e ameaçado de morte por guardas civis municipais em Palestina de Goiás, na região sudoeste do estado. O rapaz contou que a agressão só parou quando ele fingiu que tinha desmaiado.
“Bateram em todo lugar que dava para bater. Fiquei meia hora fingindo de desmaiado e eles falavam assim: ‘Não, nós vamos matar ele agora, aproveitar que está desmaiado’”, contou a vítima, que prefere não se identificar.
Em nota, a Prefeitura de Palestina de Goiás informou que os servidores ainda estão trabalhando, mas foram tomadas medidas administrativas. O órgão não especificou quais foram as medidas e completou que a investigação está a cargo da Polícia Civil (PC).
De acordo com o delegado Ramon Queiroz, foi aberto um inquérito policial para investigar o caso. O investigador disse que os guardas serão ouvidos em breve e que ainda é cedo para apontar os crimes que os suspeitos poderão responder.
Por não terem a identidade divulgada, o g1 não conseguiu contato com os suspeitos até a última atualização desta reportagem.
Agressão
O jovem que foi agredido contou que a confusão começou no dia 13 de março, em uma praça da cidade. Ele disse que os guardas pediram às pessoas que estavam no local para abaixarem o som automotivo, mas ele não concordou com o pedido.
O rapaz contou que, após ele discordar do pedido, os guardas saíram do local. Conforme o boletim de ocorrência, a vítima, a esposa e o filho de 1 ano e 6 meses também foram embora, mas ela relatou que os servidores os abordaram e mandaram que eles saíssem do carro. Moradores filmaram a abordagem.
“Eles chegaram de uma vez: ‘mão na cabeça que eu vou atirar’, com a arma apontada para a minha família”, falou o jovem.
O rapaz falou para a polícia que a guarda queria prendê-lo, alegando que ele estava embriagado. No entanto, ele negou o consumo de bebidas alcóolicas.
“Ele ofereceu para fazer o teste do bafômetro, mas disse que a GCM não queria aceitar, e queria levá-lo para a base da guarda. A vítima informou que não aceitou a acusação que teriam feito, entrou em seu veículo e foi embora”, descreveu a ocorrência.
No dia seguinte, 14 de março, o rapaz contou que estava em um bar e os guardas entraram atirando, mas ele se escondeu debaixo de uma mesa de sinuca. O jovem falou que levou socos e chutes e que a mulher filmou toda a ação, mas os guardas pegaram o celular dela.
“Tomaram o celular da minha esposa, jogaram dentro do porta malas e deu um tapa na cara dela. Me entregaram o celular sem nada, as imagens, os vídeos, tinham apagado tudo”, afirmou o jovem.
Após a abordagem, o rapaz completou que foi levado para o lixão da cidade, onde foi espancado e ameaçado de morte. Ele disse que foi colocado de joelhos e levou golpes de cassetete e chutes no rosto.
Cansado e com dores, ele narrou que, mesmo fingindo que estava desmaiado, os guardas teriam colocado o cassetete dentro da boca dele e pressionado contra o chão.
Segundo o rapaz, depois das agressões, um dos integrantes da guarda teria ido à cidade para buscar água, pois ele estava sangrando muito. Os suspeitos teriam jogado o líquido no rosto dele e ameaçado colocar fogo na vítima.
“A vítima informa que não estava enxergando bem, devido o spray de pimenta que jogaram e que seus olhos estavam inchados. Posteriormente, [os guardas] saíram do local e deixaram a vítima no lixão”, finalizou o boletim de ocorrência.
G1