Celebrado no último domingo (19), Dia de Doação do Leite Humano chama atenção para importância desse ato de solidariedade humana.
“Doe Leite materno, alimente a vida”. Este é o lema do Dia de Doação do Leite Humano, celebrado no último domingo (19), em todo o País. A coordenadora do Banco de Leite Humano (BLH) do Hospital Estadual Materno-Infantil Dr. Jurandir do Nascimento (BLH-HMI), Renata Leles, afirma que a data contribui para incentivar as mães sobre a importância do aleitamento materno e da doação para outros bebês.
O Ministério da Saúde (MS) alerta que a doação do leite materno é um ato que pode salvar vidas, uma vez que cada 300 mililitros (ml) do alimento sustenta, em média, dez recém-nascidos. Além disso, é o principal fator de redução da mortalidade na infância. A comemoração tem também o objetivo de divulgar os bancos de leite humano nos Estados e municípios.
Renata Leles informa que a Rede Estadual de Bancos de Leite em Goiás é composta por cinco unidades, duas em Goiânia, duas em Anápolis e uma em Planaltina, cidades que dispõem de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatal, específica para o tratamento de bebês prematuros e com baixo peso. O principal deles é o do Materno-Infantil, que trabalha com um estoque mensal de cem litros de leite humano, doados por mães nutrizes.
“Com o leite humano, o bebê fica protegido de infecções, diarreias e alergias, cresce com mais saúde, ganha peso mais rápido e fica menos tempo internado. O aleitamento materno também diminui o risco de doenças como hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade”, afirma Renata. Segundo ela, o benefício também se estende à mãe, que perde peso mais rapidamente após o parto e ajuda o útero a recuperar seu tamanho normal, reduzindo o risco de hemorragia e anemia.
No HMI ou em casa
O BLH do Materno-Infantil oferece leite humano para recém-nascidos prematuros e de baixo peso, estimulando o aleitamento materno desde quando foi fundado, há 21 anos. A unidade é abastecida pelo excedente de leite das mães, que realizam a doação no próprio local ou armazenam o produto em casa. O estoque atual, de cem litros, é suficiente para atender somente a demanda do hospital. “A goiana é muito solidária. Sempre atende aos nossos apelos. Este é um momento, pois precisamos aumentar a nossa reserva”, afirma a coordenadora, informando que a unidade tem de 50 a 60 mulheres doadoras cadastradas.
Para coletar o material, o BLH conta com o apoio de veículos e profissionais do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO). A cabo Ronildes das Chagas Ramos vai até as residências das doadoras, onde também faz um trabalho de orientação às mães. “Atendemos todas as classes sociais e sempre sou bem recebida. É emocionante o meu trabalho”, conta a bombeira, mãe de uma criança de 10 anos, amamentada até os 2 anos.
O serviço existe desde 2012, em parceria do BLH e o CBM-GO. Ao iniciar o trabalho de busca das doações, Ronildes segue uma rota previamente traçada, indo a residências de Goiânia, Trindade, Aparecida de Goiânia, Senador Canedo e Goianira. Após a coleta, o leite é analisado e pasteurizado, quando adquire condições sanitárias para o consumo. O produto é então congelado, podendo ficar armazenado por até seis meses.
O BLH é pioneiro na realização de atividades voltadas para a conscientização da importância do aleitamento materno e da doação de leite, o que contribui para a certificação de Hospital Amigo da Criança ao HMI, concedida por meio da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), idealizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Solidariedade materna
Há dez anos, quando teve o filho, Ronildes não conhecia os serviços do BLH. “Por isso não fiz a doação. Hoje sei da importância deste ato”, diz. Um ato de solidariedade que faz parte também da rotina materna da empresária Juliana Silva Rodriques, mãe de três filhos e doadora na unidade há muito tempo.
Quando nasceu a primeira filha, há dez anos, ela apresentou uma alta produção de leite. Para evitar problemas como mamas inchadas e feridas, Silva foi aconselhada a procurar ajuda no BLH. “Ali encontrei orientação de como retirar o excesso, guardar tanto para o bebê e também ajudar outros recém-nascidos. Acho que toda mulher deveria sair da maternidade e ir direto para o banco de leite. Ela passará a ter mais confiança na amamentação e ainda ser solidária”, diz a proprietária de uma loja de roupas femininas.
Juliana adotou o mesmo procedimento quando nasceu o segundo filho. O terceiro nasceu há 1 ano e 4 meses, e ela voltou a ser doadora. “Amamento até hoje; ele leva a mamadeira com leite humano para a escola e ainda doo para o BLH. É um mito que o filho de quem doa pode passar fome. As mulheres precisam aprender que o peito é uma fábrica de alimento, não um estoque”, ensina.
O Dia de Doação de Leite Humano é uma iniciativa para a proteção e promoção do aleitamento materno, voltada para a sensibilização da sociedade para a importância da doação. Os objetivos da celebração, realizada em todo o País, são: estimular a doação de leite materno, promover debates sobre a importância do aleitamento materno e da doação de leite humano e divulgar os bancos de leite humano nos Estados e municípios. A primeira comemoração do Dia Nacional de Doação de Leite Humano foi realizada no ano de 2004.
SAIBA MAIS
Quando o leite humano chega ao banco, passa por rigoroso controle de qualidade. O primeiro passo é a pasteurização, que elimina bactérias e vírus. Depois, o alimento é congelado e submetido a um teste de controle microbiológico, para verificar a efetividade da pasteurização. Só depois de aprovado nessa última fase, o leite é liberado para consumo. O incentivo à amamentação é consenso mundial como ação de saúde pública mais eficaz para a prevenção de inúmeros agravos na faixa etária de até 2 anos e combate à mortalidade infantil.
Quem pode doar leite?
Toda e qualquer mulher saudável que esteja amamentando.
Quem recebe?
O leite estocado nos bancos vai para recém-nascidos prematuros ou doentes, internados em unidades de cuidados neonatais ou para filhos de mulheres que, por algum motivo, não conseguem amamentar.
Onde doar?
Procure o Banco de Leite Humano do Hospital Materno-Infantil de Goiânia, na Avenida Perimetral, Qd. R-1, Lt. 1, Setor Coimbra, ou ligue para 3956-2921, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, para se informar mais.
Fonte: Mais Goiás