A estrutura existente do esporte europeu está ameaçada por interesses individuais e puro comercialismo, alertou o Comitê Olímpico Internacional (COI) nesta terça-feira (20), em uma referência velada à Superliga europeia.
Doze dos principais clubes da Europa lançaram a Superliga dissidente no domingo (18), dando início ao que deve ser uma batalha amarga pelo controle da competição e de suas receitas com a Uefa, órgão que governa o futebol europeu, e a Fifa, do futebol mundial.
“A própria existência do modelo esportivo europeu está ameaçada. Ele está sendo desafiado por uma abordagem puramente orientada para o lucro que ignora os… valores sociais dos esportes e as necessidades reais no mundo pós-coronavírus”, disse o presidente do COI, Thomas Bach, durante congresso da Uefa em Montreux, Suíça.
Bach, cuja organização teve que adiar em um ano a Olimpíada de Tóquio-2020 devido à pandemia, disse que o atual modelo existente permite que os clubes esportivos operem em todos os níveis, com as receitas das competições da elite alcançando os clubes amadores.
“Esse modelo desportivo europeu está ameaçado, porque a missão social das organizações desportivas está perdendo espaço para os objetivos puramente orientados ao lucro dos fornecedores e investidores desportivos comerciais”, disse Bach.
Os clubes dissidentes – seis da Premier League da Inglaterra e três da Espanha e da Itália – terão vagas garantidas na nova competição, ao contrário da Liga dos Campeões, que exige que as equipes se classifiquem por meio de suas ligas nacionais.
O banco de investimentos norte-americano JP Morgan está financiando a nova liga, fornecendo um subsídio de 3,5 bilhões de euros (4,2 bilhões de dólares) aos clubes fundadores para gastar em infraestrutura e recuperação do impacto da pandemia.
O presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, descreveu o plano da Superliga como uma “cuspida na cara” de todos os amantes do futebol e pediu que os clubes e jogadores que nela vão competir fossem banidos de todas as competições da Uefa.
“Neste ambiente polarizado, o interesse individual mesquinho e o egoísmo têm ganhado terreno sobre a solidariedade, valores compartilhados e regras comuns. Precisamos de mais solidariedade”, disse Bach.
“Essa lição se aplica a todos. Também se aplica ao esporte e às organizações esportivas. Se tudo for visto de uma perspectiva de negócios… então a missão social do esporte está perdida”.
Agência Brasil