Nesta terça-feira (19), a Polícia Federal (PF) prendeu um militar do Exército Brasileiro e cumpriu um mandado de busca e apreensão contra outro, em Goiânia. Eles são alvos da operação Contragolpe, que investiga uma organização criminosa que teria planejado um golpe de Estado e os assassinatos do presidente Lula (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSDB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O g1 não localizou a defesa dos militares até a última atualização desta reportagem.

De acordo com a PF, as investigações apontam que a organização criminosa usou de elevado conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas entre novembro e dezembro de 2022. O objetivo seria impedir a posse do governo eleito democraticamente nas Eleições de 2022 e restringir o exercício do Poder Judiciário, conforme mostrou a apuração.

Em Goiás, o tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo foi preso, enquanto o capitão Lucas Guerellus foi alvo apenas de busca e apreensão, sem ordem de prisão. Os nomes dos investigados foram confirmados pelo g1. Abaixo, saiba detalhes de quem são eles.

Rodrigo Bezerra de Azevedo foi preso, conforme informações divulgadas pelo blog da jornalista Camila Bomfim, do g1 Política. Em seu currículo Lattes, atualizado no dia 4 deste mês, o militar destaca experiência e interesse acadêmico em áreas como defesa, operações especiais, relações internacionais, organizações internacionais e terrorismo internacional.

Na plataforma, o militar apresenta as seguintes formações acadêmicas:

Bacharelado em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras;
Mestrado em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército Brasileiro (Eceme);
Doutorado em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército;
Especialização em Bases Geo-Históricas para Formulação Estratégica, também pela Eceme.

A data de publicação do documento de ingresso no serviço público de Rodrigo é 2 de março de 1999, segundo dados do Portal da Transparência. O histórico de cargos inclui as funções de major, tenente-coronel e capitão, todas no Comando do Exército.

Lucas Guerellus
Lucas Guerellus, alvo de busca e apreensão, ingressou no serviço público em 10 de fevereiro de 2007, de acordo com o Portal da Transparência. Ele é lotado em Goiás, com histórico de cargos como primeiro-tenente, capitão e segundo-tenente.

A PF identificou que, entre as ações criminosas, havia um planejamento detalhado chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado em 15 de dezembro de 2022. O plano incluía os assassinatos do presidente e do vice-presidente eleitos, além de ações contra ministros do STF.

A investigação também aponta que os envolvidos elaboraram um planejamento logístico que especificava recursos humanos e bélicos necessários para as ações, incluindo o uso de técnicas militares avançadas e a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, integrado pelos próprios investigados.

O blog da jornalista Camila Bomfim apurou que cinco pessoas foram presas com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF):

Quatro militares do Exército ligados às forças especiais, conhecidos como “kids pretos”: o general de brigada Mario Fernandes (na reserva), o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins de Oliveira;
Um policial federal, Wladimir Matos Soares.
As prisões foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes e cumpridas até as 6h50 desta terça-feira.

Exército acompanha operação


Em nota, o Centro de Comunicação Social do Exército confirmou a prisão dos militares e destacou que os integrantes da ativa não participaram da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na Cúpula do G20. De acordo com o Exército, o general Mário Fernandes e o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima estavam no Rio de Janeiro para participar de cerimônias de conclusão de cursos de familiares e amigos.

O órgão informou ainda que o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo “deslocou-se para a guarnição, a serviço, para participar de outras atividades e não integrava o efetivo empregado na operação de GLO”. Já o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira estava afastado do serviço devido a medidas cautelares impostas pela Justiça.

“Este Centro informa, ainda, que a Força não se manifesta sobre processos em curso, conduzidos por outros órgãos, procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República”, concluiu a nota.

Em nota enviada ao g1 Política, o Exército afirmou que o capitão Lucas Guerellus foi alvo de busca e apreensão.

PF recuperou arquivos eletrônicos
Segundo o blog de Camila Bomfim, a PF identificou os alvos após analisar dados de militares já investigados no inquérito. Parte das evidências foi recuperada de aparelhos do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que haviam sido apagados e restaurados pelos investigadores.

Outras evidências foram extraídas de aparelhos celulares de outros militares. Em fevereiro deste ano, uma operação relacionada ao mesmo inquérito prendeu militares do Exército e um ex-assessor da Presidência, além de realizar buscas contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Nota Exército Brasileiro


O Centro de Comunicação Social do Exército informa que na operação realizada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira, 19 de novembro de 2024, foram presos o General de Brigada Mario Fernandes, da Reserva, e os Tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra de Azevedo e Rafael Martins de Oliveira. Os militares da ativa não se encontravam participando da Operação de GLO na Cúpula do G20.

O General Mário Fernandes e o Tenente-Coronel Hélio Ferreira Lima encontravam-se no Rio de Janeiro para participar de cerimônias de conclusão de cursos de familiares e amigos. O Tenente-Coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo deslocou-se para a guarnição, a serviço, para participar de outras atividades e não fez parte do efetivo empregado na operação de GLO. O Tenente-Coronel Rafael Martins De Oliveira já se encontrava afastado do serviço por medidas cautelares determinadas pela justiça.

Este Centro informa, ainda, que a Força não se manifesta sobre processos em curso, conduzidos por outros órgãos, procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República.

G1 Goiás