O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores, opera em alta nesta segunda-feira (19), e chega pela primeira vez aos 136 mil pontos. O índice bateu seu recorde de pontuação ao longo do pregão, aos 136.179 pontos.
A semana começa com os agentes do mercado financeiro de olho nos Estados Unidos. Na quarta-feira, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) divulga a ata de sua última reunião, que pode dar pistas sobre a trajetória que as taxas de juros do país podem seguir nos próximos meses.
Na sexta, os investidores estarão atentos ao discurso do presidente da instituição, Jerome Powell, no Simpósio de Política Econômica de Jackson Hole. Lá, ele deve compartilhar uma visão mais detalhada que o Fed tem sobre a situação da economia dos EUA, que também influencia na decisão de juros prevista para setembro.
O BC americano tem dado a entender que pretende começar a baixar os juros do país na próxima reunião, o que favorece as empresas e melhora as cotações na bolsa de valores.
Enquanto o mercado aguarda os novos dados para da economia americana, o momento é de otimismo e o dólar vive um dia de desvalorização no mundo inteiro. No Brasil, a moeda americana fechou em queda, aos R$ 5,41.
Na agenda interna, repercutiu bem no mercado financeiro a fala de Gabriel Galípolo, diretor do Banco Central do Brasil e nome mais cotado para a presidência da instituição, em que ele reforça o compromisso da diretoria em trazer a inflação brasileira para a meta. (veja mais abaixo)
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
O dólar fechou em queda de 1,03%, cotado a R$ 5,4114. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,3769. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,03% na semana;
recuo de 4,29% no mês;
alta de 11,52% no ano.
Na última sexta-feira (16), a moeda americana teve queda de 0,28%, cotada em R$ 5,4678.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa subia 1,46%, aos 135.904 pontos. Na máxima, chegou aos 136.179 pontos.
Na sexta, o índice fechou em baixa de 0,15%, aos 133.953 pontos.
Com o resultado, o índice acumulou:
alta de 2,54% na semana;
avanço de 4,92% no mês;
perdas de 0,19% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
Na sexta-feira, o Ibovespa interrompeu uma sequência de oito altas consecutivas. Sempre que o índice acumula dias de ganhos, os investidores vendem parte de suas ações para embolsar os lucros — o mercado chama esse momento de “realização de lucros”.
Mesmo com a pequena queda na sexta-feira por conta das vendas, o Ibovespa se manteve muito próximo de sua pontuação recorde. O mesmo acontece nas bolsas dos Estados Unidos, que registraram o melhor desempenho do ano.
Como mostrou o g1 em reportagem desta segunda-feira, os investidores estão animados com a perspectiva de corte das taxas de juros nos Estados Unidos.
Uma queda nos juros dos EUA reduz os rendimentos dos títulos do Tesouro americano (as Treasuries) e força os investidores a tomarem mais risco para terem rentabilidades melhores. Isso beneficia o mercado de ações como um todo.
Na quarta-feira, o Fed deve divulgar a ata de sua última reunião, em julho. O BC americano manteve as taxas de juros americanas inalteradas entre 5,25% e 5,50% ao ano, mas sinalizou que cortes podem começar no próximo encontro, marcado para setembro.
A inflação, principal dado observado pelo Fed para tomar suas decisões, continua acima da meta de 2% ao ano, mas mostra uma desaceleração. Em julho, o acumulado em 12 meses foi de 3,2%, mas os preços que traziam preocupação ao Fed mostraram um bom comportamento.
Já os dados do mercado de trabalho americano, que também podem prejudicar a inflação por conta de um aumento do consumo, também foram mais fracos do que o mercado esperava no último mês. Tanto que analistas chegaram a temer que uma recessão econômica pudesse estar a caminho nos EUA. Esse medo se dissipou nos dias seguintes, já que dados de atividade econômica na semana passada não confirmaram o receio.
O Fed se esforça para manter a inflação comportada, mas também quer evitar que a economia sofra uma paralisação brusca. Com isso, investidores e especialistas esperam que a instituição promova um corte nos juros de pelo menos 0,25 ponto percentual na próxima reunião — uma forma de não deixar a economia brecar, mas com parcimônia para não pressionar a inflação.
Para confirmar essas previsões que o mercado observa a ata da reunião do Fed na quarta-feira e o discurso de Jerome Powell na sexta. O Simpósio de Jackson Hole é uma convenção nos EUA que reúne as principais autoridades políticas e econômicas do mundo para falar sobre a economia.
No Brasil, o clima também é de otimismo, depois que Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC, reforçou que a instituição vai analisar com cuidado os dados da economia brasileira para tomar a decisão de juros para o país.
Galípolo afirmou que o BC vai obter “o máximo de dados” e vai “estar aberto” à todas as opções para decidir o novo patamar da taxa Selic, em setembro. Como mostrou o g1, o Comitê de Política Monetária (Copom) endureceu seu discurso na reunião de julho, e disse que pode voltar a subir a taxa Selic se julgar necessário.
O Copom demonstrou preocupação com a situação da economia global, com a cotação do dólar e com as contas públicas do país. São fatores que poderiam piorar a expectativa para a inflação brasileira, e cabe ao BC regular a taxa de juros para combater uma alta dos preços.
Galípolo voltou a destacar que todos os diretores estão dispostos a elevar a Selic “sempre que necessário” para levar a inflação à meta de 3%.
A opinião de Galípolo é vista com atenção especial porque ele é o favorito para ocupar a presidência do BC a partir do ano que vem. Segundo o blog do Camarotti, ele deve ser o indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o próximo mandato da instituição e sua indicação sai nas próximas semanas.
O mercado temia que o indicado de Lula pudesse sucumbir a pressões políticas. No evento desta segunda-feira, Galípolo disse que jamais se sentiu pressionado a ter qualquer tipo de atitude dentro da instituição desde que foi indicado pelo governo.
“O presidente (Lula) tem tido uma atitude republicana”, comentou.
Por fim, o Banco Central do Brasil (BC) divulgou nesta segunda-feira mais uma edição do boletim Focus — relatório que reúne as projeções para os principais indicadores econômicos do país com base na opinião de economistas do mercado financeiro.
A expectativa para a inflação brasileira subiu pela quinta semana consecutiva, com o mercado estimando um IPCA de 4,22% até o fim do ano. A meta de inflação do BC é de 3% para 2024, podendo oscilar entre 1,50% e 4,50%.
As expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) e a taxa de câmbio até o fim do ano também aumentaram. Para o PIB, economistas esperam um crescimento de 2,23%. Já a taxa de câmbio é estimada em R$ 5,31 até dezembro.
Outra novidade nesta edição do Focus é a perspectiva de uma Selic, taxa básica de juros, maior em 2025: o mercado estima que a taxa deve encerrar o próximo ano em 10% ao ano.
Os números mostram como a situação não é de festa, apesar de um clima mais tranquilo. O mercado acredita que uma nova alta pode vir pela frente, caso a inflação no país continue subindo.
G1