Os Lagos da Barragem João Leite e do Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco podem ser liberados para práticas de lazer como pesca, canoagem e até churrasco, entre Goiânia , Goianápolis, Nerópolis e Terezópolis de Goiás. A proposta foi discutida em audiência pública, mas ambientalistas reagiram contra a liberação.
A proposta foi dada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad) e a audiência pública foi feita na segunda-feira (18). A permissão é feita por meio de um plano de manejo, de uso público e zona de amortecimento.
A secretária Andréa Vulcanis, explica como o plano está sendo construído para garantir a exploração turística dos locais, sem comprometer a natureza. “O plano prevê como vai ser a visitação, onde e de que tipo. Foi prevista a possibilidade do visitante ter contato com a água, em baixíssimo impacto. Reafirmo que o dano à qualidade da água não é uma possibilidade, não haverá e não será autorizado”, explicou Andréa.
Plano de manejo
O documento prevê no local uma zona de infraestrutura com área equivalente a 65 campos de futebol, onde poderão ser instaladas estruturas e equipamentos para a visitação e uso coletivo. Os locais poderão ter estradas, trilhas, edificações e estruturas de apoio.
Também estão previstas rampa para pequenas embarcações, piers e guarda barcos. O plano também permite a derrubada de árvores nativas e proíbe o uso de fogo nas unidades de conservação, mas admite churrasqueiras, que poderão ser colocadas em locais definidos.
No documento ainda consta que, um sistema adequado deve ser instalado para o tratamento de resíduos e esgoto, para evitar a contaminação do solo e da água.
Caso o novo plano seja aprovado, o próximo passo da Semad é abrir uma licitação para terceirizar a administração dos parques para que seja instalada a atividade comercial, além de implantar cobrança de entrada nos locais. Os valores e as datas ainda não foram definidas pela secretaria.
Uma consulta pública foi aberta no site da Semad para que a população se manifeste contra ou a favor à proposta. A página pode ser acessada até o dia 28 deste mês.
O g1 entrou em contato com a Semad, por e-mail, às 7h40 desta terça-feira (19), a fim de saber qual a data limite para a aprovação do plano, e aguarda retorno.
Ambientalistas contra
Durante a audiência pública, ambientalistas foram contra a liberação das práticas nos dois locais, já que eles preservam grande parte da fauna e da flora, além de fornecer água tratada para a capital.
O presidente da Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (Arca), Gerson Neto, conta sobre os motivos da contrariedade da classe diante da possível liberação.
“Aquele lago não é para uso, é para manter a qualidade da água num melhor nível possível. A gente vai ameaçar nosso principal manancial de captação por uma atividade econômica que vai favorecer alguns poucos”, explicou Gerson.
João Leite e Altamiro de Moura Pacheco
O reservatório do João Leite tem capacidade para gerar água para mais de 3 milhões de pessoas. Juntos, os dois parques ocupam uma área de quase 5 mil hectares e abrigam 28 nascentes e 39 cursos d’água que alimentam o reservatório e recarregam os nossos lenções freáticos.
As áreas possuem quase 500 tipos diferentes de plantas, como paineiras e ipês, e centenas espécies de animais, algumas com risco de extinção como lobo-guará e tamanduá-bandeira. Além de preservar a fauna e a flora, os parques têm um papel fundamental de proteger a principal fonte de água de Goiânia.
G1