Apesar do peso político e simbólico da medida anunciada por Donald Trump, que impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o impacto econômico sobre o Brasil deve ser limitado. A avaliação é do Fundo Monetário Internacional (FMI), que ainda calcula os possíveis efeitos da decisão, mas já antecipa que, mesmo com a nova taxação, o crescimento econômico brasileiro em 2025 não deverá sofrer grandes abalos.
“Se [as medidas de Trump] entrarem em vigor, isso será em agosto e já estamos falando do finalzinho do ano. Se tiver, será um efeito marginal, mas o fundo não está prevendo um efeito muito grande nesse ano”, afirmou André Roncaglia, diretor-executivo do Brasil no FMI, em entrevista ao UOL News.
Roncaglia explicou que o Brasil possui uma relação comercial relativamente pequena com os Estados Unidos, o que ajuda a amortecer os efeitos diretos da medida. Segundo ele, a economia brasileira é pouco exposta ao mercado norte-americano e conta com uma rede diversificada de parceiros comerciais.
“O Brasil é pouco exposto à economia americana. As nossas relações comerciais com os EUA têm uma porcentagem muito pequena no nosso PIB. O país tem uma diversidade grande de parceiros comerciais. A China é o maior deles, e não existe qualquer sinalização de diminuir a compra dos nossos produtos”, disse ao UOL News.
Em outra entrevista, desta vez ao jornal Valor Econômico, o representante brasileiro no FMI foi ainda mais enfático ao afirmar que “é um efeito que está na casa dos decimais, não é um efeito que vai bater 1%, 2% do PIB, é um efeito bem menor do que isso”. A estimativa da área de pesquisa do Fundo é de que, mesmo no cenário mais pessimista, o impacto para 2025 será marginal, e em 2026 pode haver uma leve intensificação, mas ainda assim sem gerar preocupações graves para a economia do país.
A análise do FMI caminha em consonância com um levantamento divulgado na quarta-feira, 16, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que aponta que os Estados Unidos, e não o Brasil, devem ser os maiores prejudicados com o pacote tarifário anunciado por Trump. De acordo com os dados compilados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o PIB americano pode encolher 0,37% em razão das novas barreiras comerciais.
A CNI considera que as tarifas impostas aos produtos do Brasil, China e outros 14 países, somadas às taxações sobre a importação de automóveis e aço, independentemente da origem, tendem a frear o dinamismo da economia dos Estados Unidos. O estudo aponta que o impacto das tarifas no Brasil deve ser de 0,16% do PIB, o mesmo percentual estimado para a China. A retração da economia global, segundo as projeções, ficaria em 0,12%, enquanto o comércio mundial sofreria uma queda mais acentuada, de 2,1%.
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