O WhatsApp virou sinônimo de internet para muitos brasileiros. Sua necessidade ficou ainda mais evidente durante esta pandemia: o mensageiro se tornou não apenas um canal relevante para trocar conversas pessoais, mas também para empreendedores faturarem em tempos de isolamento social.
A ChatPay está surfando essa onda. A startup promete levar profissionalismo aos grupos pagos de WhatsApp, seja na hora de computar pagamentos ou de administrar membros.
Cerca de 100 empreendedores já usam a solução. A ChatPay está passando por um programa de aceleração na Y Combinator e mais que dobrando de tamanho mês a mês. Para 2020, a startup busca alcançar mais profissionais clientes.
Ideia de negócio: faturando no WhatsApp
A ChatPay foi criada pelos empreendedores Arthur Alvarenga, Bernardo Reis, Breno Lima e Raphael Capelão no começo de 2020. Depois, o irmão João Pedro Alvarenga também entrou para o negócio.
A ideia veio de uma startup anterior malsucedida. Arthur estudou computação e design em São Francisco (Estados Unidos) e conheceu um aplicativo de comunidades chamado Nextdoor. Os empreendedores tentaram trazer essa mesma ideia ao Brasil, mas o WhatsApp já cumpria o papel.
Mas nem só de conversas entre vizinhos vive o mensageiro. Há empreendedores que o usam para ganhar dinheiro, como um consultor de investimentos ou um personal trainer que criam grupos fechados para os assinantes de seus serviços. “Os criadores de conteúdo cada vez mais se monetizam diretamente, trocando plataformas pelo contato direto com seu público. Mas ainda é uma iniciativa informal e trabalhosa”, diz Arthur.
Criar um curso e montar uma rede de venda é um processo demorado e incerto, por exemplo. Mesmo no WhatsApp, a jornada dos empreendedores é burocrática. Eles costumam criar links de pagamento, enviar aos contatos e os adicionar manualmente aos grupos depois de receber comprovantes das transações. Os empreendedores têm o trabalho de cobrar seus usuários e deletar inadimplentes dos grupos mensalmente.
A ChatPay leva tecnologia para essa operação. O empreendedor cria não só um grupo de WhatsApp, mas também uma landing page. Essa é uma página na internet que apresenta a proposta e já inclui um botão para contratação do serviço.
O dinheiro cai na conta do administrador criada na ChatPay. A startup cobra 11% de taxa sobre cada pagamento. O negócio opera com dois modelos: o de grupos com pagamento único (como um desafio de 21 dias) e o de pagamentos mensais (recorrência de algum serviço).
A startup automatiza a adição de membros, sem precisar que os usuários mandem comprovantes de operação. Também lembra clientes quando o pagamento está para vencer e se responsabiliza pelas exclusões do grupo. A ideia é que os empreendedores foquem apenas na sua produção de conteúdo. “Vemos como o grupo é uma forma de motivar os participantes. O índice de resultados e de satisfação com a contratação é grande”, diz Arthur.
A ChatPay tem cerca de 100 administradores. Os que mais performam chegam a faturar R$ 100 mil por mês. A média de ganhos é de R$ 8 mil.
ChatPay em 2020: aceleração na Y Combinator
A ChatPay começou com um investimento anjo de R$ 300 mil. A empresa está participando do programa da Y Combinator, uma das maiores aceleradoras do mundo. Localizada no Vale do Silício (Estados Unidos), a aceleradora recebeu negócios como Airbnb e Rappi.
Michael Seibel, sócio da Y Combinator, explicou em comunicado a Pequenas Empresas & Grandes Negócios por que a aceleradora investiu na ChatPay: empreendedores e timing da ideia.
“Os cofundadores se movem rápido e trazem ótimos insights sobre o mercado e seus usuários”, escreveu Seibel. “Na América Latina, vimos como criadores e comunidades já estavam cobrando assinaturas informalmente por meio do WhatsApp. Porém, o processo era bagunçado e fragmentado. Fazia sentido construir um produto que simplificasse o processamento dos pagamentos e administração dos membros da comunidade.”
“A Y Combinator é muito boa em colocar o pé dos empreendedores no chão e fazê-los entender em qual momento a startup está e quais passos devem ser seguidos. Também nos ensinaram a conversar não apenas com os administradores, mas com os usuários finais. Assim, entendemos como os grupos têm um grande papel de incentivar seus participantes”, diz Arthur.
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