A Justiça da Espanha aumentou, nesta quinta-feira (18), a pena do rapper Pablo Hasél, condenado por letras com ofensas à monarquia e referências ao grupo terrorista ETA. A prisão do músico despertou uma onda de protestos em todo o país, que já registrou três dias de distúrbios.
Em Barcelona, dezenas de manifestantes se enfrentaram com o Mossos d’Esquadra, polícia regional da Catalunha, na região central da cidade. Pelo menos um agente, que estava dentro de uma viatura policial, foi ferido com uma pedrada.
Há registro de vandalismo em vidraças de lojas e carros estacionados na via. Os manifestantes construíram barricadas em diversos pontos da área central, e puseram fogo em lixeiras. Além da capital catalã, há protestos em ao menos cinco cidades da região.
Em Valência, policiais da tropa de choque dispersaram um grupo com centenas de pessoas que se manifestava pacificamente no centro histórico da cidade. Eles entoavam o lema “Estem fartes”(estamos fartas), contra a violência policial e a prisão do rapper.
Segundo a decisão da Justiça divulgada nesta quinta, Hasél teria ameaçado uma testemunha em 2017. Ainda cabe recurso ao Supremo Tribunal, mas ele – que cumpria uma sentença de 9 meses – agora terá que enfrentar 2,5 anos de prisão.
A prisão de Hasél, na última terça-feira em uma universidade da Catalunha, foi motivo de distúrbios em Barcelona e outros pontos do país há pelo menos três dias – segundo as autoridades, cerca de 50 pessoas foram detidas nos violentos protestos.
O caso levantou uma polêmica sobre a liberdade de expressão no país.
O governo espanhol afirmou, ainda semana passada, que vai mudar a lei de 2015 que criminaliza a glorificação de grupos armados como o ETA e insultos à monarquia e às religiões.
Com a reforma, as penas serão mais leves, e só haverá ação legal se houver risco à ordem pública ou provocar condutas violentas.
O ETA foi dissolvido em 2018, depois de quatro décadas de campanhas violentas pela independência do País Basco, uma região no norte da Espanha.
G1