Com multas que podem chegar a até R$ 26 mil, Goiânia já autuou mais de 2,1 mil donos de imóveis por causa de focos do mosquito da dengue. As multas foram dadas após a prefeitura visitar mais de 48 mil imóveis, em um período de pouco mais de um mês, durante uma operação de combate ao Aedes aegypti.
A Operação Goiânia Contra o Aedes foi realizada de 27 de abril até 3 de junho deste ano. Neste período, ao todo, 48.768 imóveis foram visitados. Destes, 2.112 foram autuados, 196 receberam intimações e em 72 locais foram feitas remoções com a equipe da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg).
Dados do Ministério da Saúde apontam que, em plena estiagem, a regição centro-oeste registrou a maior incidência da doença no Brasil, sendo 1.473 casos para cada 100 mil habitantes. De 2 de janeiro até 28 de maio deste ano, Goiânia já soma 40.607 casos.
Segundo a prefeitura, a multa pode chegar a R$ 26 mil, dependendo do tamanho do imóvel autuado. O Corpo de Bombeiros identifica os locais com acúmulo de lixo e água parada com o uso de drones. Depois, a visita é feita pelos fiscais da saúde, Guarda Civil e até um chaveiro.
A prefeitura tem autorização da Justiça para entrar em imóveis abandonados e, onde não tem morador, é grande o risco de proliferação do mosquito da dengue.
Em um imóvel abandonado, visitado pela equipe de reportagem da TV Anhanguera, uma água que cai do ar condicionado está empoçada e se tornou um criadouro do mosquito. No entanto, o problema era no comércio do prédio vizinho, que foi notificado pelos fiscais da prefeitura.
O comerciante William Wilker, que é responsável pelo comércio, disse que está providenciando uma pessoa para arrumar o vazamento.
“Estou providenciando pra pessoa vir e tirar esse vazamento lá que tá incorreto, pra não tá acontecendo esse tipo de coisa. A gente não quer atrapalhar a gente e nem os vizinhos, pegar essa doença”, disse.
O gerente de fiscalização de Vigilância e Zoonoses da Prefeitura de Goiânia Jadson Moreira Lima reforça a necessidade de prevenção contra o mosquito.
“É inadmissível nós perdendo a guerra para um mosquito. Simplesmente, por uma falta de cuidado. É uma falta de higiene. É uma falta de pelo menos uma vez por semana ter esse cuidado e preservar a sua saúde e preservar a sua família”, disse.
Prevenção
A secretária administrativa Nathália Capra Ribeiro pegou dengue pela primeira vez este ano. Por isso, ela disse que ela e o marido estão sempre de olho em lugares que possam ter focos do mosquito transmissor da doença. Para isso, o casal usa até um drone.
“Não é uma boa experiência. É muita dor no corpo. A gente tem medo de pegar de novo porque a gente vê os mosquitos voando. Existe um foco grande que a gente já presenciou”, disse Nathália.
A médica Christiane Kobal, presidente da Sociedade Goiana de infectologia, disse que neste ano a maioria dos casos de internação são mais graves.
“Este ano nós temos vivenciado nos hospitais desses casos mais graves. É uma virose que ela pode ser grave, nós não temos um antiviral pra tratarmos o paciente. Então, nós devemos não ter os casos né”, disse a médica.
Superintendente de Vigilância em Saúde do Estado de Goiás, Flúvia Amorim disse que, mesmo sem chuva, a transmissão da doença continua em alta e, por isso, é importante que as pessoas fiquem vigilantes para combater o mosquito.
“Mesmo sem chuva a gente continua tendo transmissão. O mosquito entra para dentro de casa e acaba descobrindo um lugar que acumula água. A gente vai pela orientação, quando a orientação não funciona a gente tem que usar essas outras ferramentas de punição pra ver se a pessoa muda o comportamento”, disse.
G1