Em 1990, nesta data a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a Homossexualidade do Cadastro Internacional de Doenças (CID), sendo que até então, era considerada um distúrbio mental
Hoje, 17 de maio, é celebrado o Dia Internacional de Combate à Homofobia. Em 1990, nesta data a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a Homossexualidade do Cadastro Internacional de Doenças (CID), sendo que até então, a homossexualidade era considerada um distúrbio mental. Esta foi uma das primeiras grandes conquistas da comunidade e do ativismo LGBT e abriu caminhos para diversas conquistas da comunidade LGBTQIA+ que viriam a se concretizar nas décadas seguintes.
Em Goiânia, a data é celebrada durante todo o dia com atos e manifestações organizadas por movimentos sociais, ONGs e coletivos. A Associação da Parada de Goiás realizou uma ação na Praça do Bandeirante, no centro de Goiânia. No local foi montada uma tenda com decoração alusiva à data. E feita a distribuição de preservativos, máscaras e álcool gel, além de materiais informativos.
“A gente ainda vive muita ignorância e muita violência. Ontem mesmo eu tive que resgatar um adolescente da família. O padrasto estava espancando e dizia que enquanto não virasse homem iria matá-lo. É muita agressão todo dia. Mas também avança. Eu já posso sair com o meu companheiro de mãos dadas, já posso estender a nossa bandeira no centro da Capital, ir ao cartório e casar”, destaca o presidente da Associação da Parada de Goiás, Francisco Mendes.
A secretaria municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas (SMDHPA) recebeu no final da tarde os movimentos da LGBTQIA+ na sede do órgão e inaugurou a uma faixa de pedestres com bandeira LGBTQIA+. Após será realizado um encontro ecumênico inclusivo e inter-religioso das igrejas que acolhem essa população e 3º Seminário do Dia Internacional da Luta Contra a LGBTfobia.
A noite haverá uma projeção da bandeira LGBTQIA+ e homenagem ao ator Paulo Gustavo, que faleceu vítima da Covid-19, em prédio da Avenida Tocantins com Anhanguera. Uma ação da SMDHPA e Superintendência LGBTQIA+ em conjunto com projeto Abraço à Distância. E às 21h Balada pela Diversidade, Live transmitida pelo Facebook do Bloco Não é Não e pelo YouTube no canal do Circo Laheto com a participação de artistas e representantes da comunidade LGBT.
O superintendente da SMDHPA para Assuntos LGBTQIA+, Vitor Cadillac, afirma que hoje é um dia de luta contra a LGBTfobia. “Há exatos 30 anos, a OMS retirava o termo homossexualismo da sua lista de patologias. É um dia também de comemorar a despatologização dos corpos, de referenciar as nossas lutas e de reforçar a nossa bandeira e as nossas lutas porque ainda temos muitos espaços que nos são negados e precisamos avançar, principalmente, a população Trans.”
Vitor lembra que, em 2019, Goiás foi o estado que mais registrou atos de violência contra pessoas LGBT+ através do Disque 100, telefone dos direitos humanos nacional. E o Brasil é o país que mais violenta LGBT do mundo e o que mais mata pessoas por homofobia e transfobia. Somente em 2020, 237 pessoas LGBTQIAP+ tiveram morte violenta no Brasil, sendo 224 homicídios e 13 suicídios.
“O direto à vida ainda nos é negado. Por isso, uma data como essa, fala para além do mercado de trabalho, que também nos é negado, fala para atenção a saúde. Falamos do direito à vida de muitas dessas pessoas marginalizadas e esquecidas ficam em segundo plano diante das políticas públicas. E hoje é uma data importante para os movimentos e também para o poder público, para que todos juntos possamos refletir e encontrar soluções para este problema”.
Hemocentro
O Hemocentro de Goiás celebrou o Dia Internacional do Combate à Homofobia nesta segunda-feira. Assim, um ano após o fim da restrição para doação de sangue por homens gays, mulheres trans e travestis, have uma coleta externa na Praça do Trabalhador, no Centro de Goiânia.
Doação LGBTQI+
Em dia 8 de maio de 2020, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as normas da Portaria de Consolidação n° 5/2017 do Ministério da Saúde, que limitavam a doação de sangue por homens que tem ralações sexuais com outros homens eram inconstitucionais.
Para Fabrício Rosa, membro da Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública (Renosp) LGBTQI+ e um dos organizadores do evento, a decisão do STF permitiu que muitos homens homossexuais tivessem a satisfação de doar sangue pela primeira vez.
“Muitos homossexuais passavam por constrangimento ao tentar doar sangue, até mesmo para familiares, porque não conseguiam efetivar essa doação por serem gays. Isso era um absoluto preconceito, uma vez que o sangue pode ser testado antes de ser usado para transfusões. Então, nós estaremos juntos, muito felizes na Estação Ferroviária, na segunda-feira, doado sangue para quem precisa”, afirma.
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