Com indefinições quanto ao posicionamento sobre a Medida Provisória que trata da desestatização da Eletrobras, os senadores devem analisar a polêmica matéria em sessão deliberativa remota nesta quarta-feira (16/06). Desde que passou pela Câmara dos Deputados, a matéria é motivo de debates entre senadores.
O primeiro debate sobre a MP na Casa foi realizado na Comissão de Direitos Humanos (CDH), no dia 31 de maio. Em audiência pública, senadores e especialistas sinalizaram temer, com a privatização da Eletrobras, a perda da soberania no setor elétrico, o aumento considerável da tarifa de luz e a abertura de mais espaço para as térmicas, em detrimento de fontes renováveis. A Eletrobras é responsável por pelo menos 30% da energia do país e gerou R$ 30 bilhões de lucros nos últimos três anos.
No dia 2 de junho foi promovida uma sessão temática no Plenário virtual do Senado, quando parlamentares e especialistas apontaram a necessidade de aprofundar a discussão do modelo do sistema elétrico.
O relator do projeto, senador Marcos Rogério (DEM-RO), afirmou que apresentará o parecer nesta quarta. Ele adiantou que o objetivo é reduzir a tarifa de energia para os consumidores e aumentar a capacidade de investimento da Eletrobras.
Na terça-feira, os debates continuaram, desta vez na Comissão de Meio Ambiente (CMA). Autores do requerimento para a audiência, os senadores Jean Paul Prates (PT-RN) e Paulo Rocha (PT-PA) defendem que “vozes discordantes à privatização possam se pronunciar”.
Alguns senadores criticam a deliberação da matéria em plena época de escassez de recursos hídricos, assim como o uso de uma medida provisória como instrumento para a privatização da empresa, que no dia 11 de junho completou 59 anos. A MP precisa ter o texto final apreciado até 22 de junho para não perder validade.
Investidores privados
Pelo processo de privatização, o governo federal deverá emitir novas ações da empresa, com oferta a investidores privados, o que reduzirá sua participação no capital da empresa. Atualmente o governo tem 51,82% das ações ordinárias. A estimativa é de que reduza esse percentual a 45%, mas com direito a golden share, ou seja, direito de veto em decisões consideradas mais sensíveis.
A MP também recebe críticas com relação à inclusão de “jabutis” (dispositivos sem relação com o texto original), que podem encarecer a conta de luz para o consumidor residencial e principalmente para grandes consumidores, como o setor industrial. A preocupação seria com a reserva de mercado para térmicas e pequenas centrais hidrelétricas.
Agência Senado