O médico oncologista Nelson Teich é o novo ministro de Saúde. O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta deixou há pouco o Palácio do Planalto depois de uma última reunião com o presidente Jair Bolsonaro. Teisch esteve com o presidente na manhã desta quinta-feira e causou boa impressão. O médico foi consultor da área da saúde na campanha de Bolsonaro, em 2018, e é fundador do Instituto COI, que realiza pesquisas sobre o câncer.
Teisch é crítico da maneira com que o ex-ministro conduziu as políticas públicas de controle da pandemia no Brasil. Teich acredita que a quarentena não pode ser a mesma para todo o País. Em vez disso, deve respeitar particularidades de cada região (lembrando que tomar decisões sobre este assunto é competência de estados e municípios, não do governo federal).
Diferente de de Mandetta, Teich se diz a favor de “um isolamento estratégico ou inteligente” da população. “Usando um conceito que hoje permeia a saúde, ele deveria ser personalizado. Um modelo semelhante ao da Coreia do Sul. Essa estratégia demanda um conhecimento maior da extensão da doença na população e uma capacidade de rastrear pessoas infectadas e seus contatos. Estamos falando aqui do uso de testes em massa para Covid-19 e de estratégias de rastreamento e monitorização, algo que poderia ser rapidamente feito com o auxilio das operadoras de telefonia celular”, diz o médico.
Teich ressalta, no entanto, que esse monitoramento social via celulares “provavelmente teria uma grande resistência da sociedade e demandaria definição e aceitação de regras claras de proteção de dados pessoais”. O divergência entre a quarentena de larga escala e um modelo mais afrouxado foi o principal ponto de dissenso entre Mandetta e o presidente Bolsonaro.
Economia
Nelson Teich afirma que enxerga com preocupação o que chama de “polarização entre economia e saúde” no debate sobre como controlar o Covid-19. Bolsonaro insiste na abertura do comércio, enquanto Mandetta é contra neste momento.
“Esse tipo de problema é desastroso porque trata estratégias complementares e sinérgicas como se fossem antagônicas. A situação foi conduzida de uma forma inadequada, como se tivéssemos que fazer escolhas entre pessoas e dinheiro, entre pacientes e empresas, entre o bem e o mal”, diz.
Para Teich, “qualquer escolha e ação, seja ela da saúde, econômica ou social, tem que ter na mortalidade o seu desfecho final, por mais difícil que seja chegar a esses números”.
Fonte: Agência O Globo