A Polícia Civil informou nesta quarta-feira (14) que ex-gestores públicos estão entre os investigados na operação que apura fraude na contratação da organização social Instituto de Gestão Por Resultados (IGPR) para prestar serviços na área da saúde em Goiás. O prejuízo é estimado em R$ 80 milhões.

Os nomes dos investigados não foram divulgados e nem os cargos que ocupavam. Com isso, o g1 não conseguiu localizar a defesa deles até a última publicação dessa reportagem.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que não foi notificada sobre a operação e está à disposição das autoridades para esclarecimentos.

O g1 entrou em contato com o IGPR, mas não teve retorno até a última atualização dessa reportagem.

“Pessoas ligadas diretamente à gestão à época estão sendo investigados, porque a contratação aconteceu em momento irregular, com indícios de infração à Lei de Responsabilidade Fiscal”, disse o delegado Danilo Victor Souza.

Sete servidores públicos foram afastados dos cargos. Foram apreendidos veículos de luxo e diversos documentos.

O responsável pelo caso explicou que servidores da SES direcionaram a licitação de forma que o IGPR pudesse ganhar o processo, em 2018. Depois de selecionada, a organização subcontratava irregularmente empresas para prestar alguns serviços. O contrato com a OS estava em vigor até julho deste ano.

Regulação
Uma das áreas repassadas a uma outra empresa foi o sistema Complexo Regulador Estadual, responsável por distribuir e gerenciar os leitos hospitalares, consultas e exames.

Com isso, o estado acabou ficando refém dessas empresas. “O estado, em 2019, tentou retomar essa atividade principal [Complexo Regulatório Estadual], mas não foi possível porque o sistema pertencia a uma empresa privada, que se fosse excluído, paralisado, poderia prejudicar o atendimento da população”, disse o delegado.

As investigações apontaram que pelo menos três servidores públicos abriram empresas privadas que foram subcontratadas pela OS para prestar alguns serviços. Um dos dos investigados é um médico que participou da comissão responsável pelo chamamento público para a gestão do Complexo Regulador Estadual. Depois, ele foi um dos que abriu uma empresa e foi contratado pelo IGPR.

Souza disse que 22 empresas foram beneficiadas com o esquema. Ao todo, oito servidores públicos, cerca de 60 empresários e funcionários ligados a essas empresas são investigados. Não houve prisão durante a operação.

As investigações da Operação Eclesiastes começaram ainda em 2020. De acordo com a Delegacia de Combate à Corrupção, foram cometidos crimes como fraude em licitação, peculato, corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

G1 Goiás