O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, fez uma última tentativa em vão para tentar manter o cronograma estabelecido pelo governo federal para trazer 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford da Índia para o Brasil. Em contato telefônico com o chanceler indiano Subrahmanyam Jaishankar, Araújo ouviu que não seria possível atender à demanda brasileira neste momento.
A intenção do governo indiano é de atender à demanda brasileira nos próximos dias, mas ainda não há previsão real para isso. Contudo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (15) que vai atrasar até três dias a saída do Brasil do avião da companhia aérea Azul destacado para buscar na Índia 2 milhões de doses adquiridas do laboratório indiano Serum.
A partida do avião estava programada para as 23h desta sexta-feira, de Recife. A aeronave deixou o aeroporto de Viracopos, em Campinas, no final tarde desta quinta e chegou à noite à capital pernambucana, de onde deve rumar para Mumbai, na Índia. O avião é o maior da Azul Linhas Aéreas e está equipado com contêineres para acondicionar os imunizantes.
Em entrevista à TV Bandeirantes, Bolsonaro falou em “pressões políticas” na Índia que, segundo ele, retardaram a partida do avião brasileiro.
“Foi tudo acertado para disponibilizar 2 milhões de doses. Só que hoje, neste exato momento, está começando a vacinação na Índia. É um país com 1,3 bilhão de habitantes. Então, resolveu-se — aí não foi decisão nossa — atrasar um ou dois dias, até que o povo comece a ser vacinado lá. Lá também tem as pressões políticas de um lado e de outro. Isso daí, no meu entender, daqui a dois, três dias, no máximo, nosso avião vai partir e vai trazer esses 2 milhões de vacinas para cá”, declarou Bolsonaro.
As 2 milhões de doses foram importadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A vacina foi desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca.
“Que fique claro: somos 210 milhões de habitantes, e 2 milhões de doses equivalem a 1%. É muito pouco e não tem disponibilizado no mercado. Vamos procurar fazer, como está sendo muito bem tratado pelo [ministro da Saúde, Eduardo] Pazuello junto ao Butantan, nós fazermos nossa vacina aqui”, disse Bolsonaro.
A programação do voo prevê que, depois de receber a carga com as doses da vacina, o avião seguirá para Lisboa, em Portugal. No Brasil, o pouso, no retorno, está previsto para o Aeroporto Internacional do Galeão (RJ).
G1