O julgamento dos cinco acusados de matar o radialista esportivo Valério Luiz foi adiado novamente, em Goiânia. A sessão estava marcada para as 8h30 desta segunda-feira (14), mas foi remarcada minutos após o horário previsto para começar, pois o advogado que defendia o réu Maurício Sampaio deixou o caso.
O crime aconteceu há quase 10 anos. Nesse período, o julgamento foi adiado por duas vezes. Uma delas foi por causa da pandemia, em 2020. Desta vez, após a mudança na defesa do acusado.
O júri, que aconteceria no auditório do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), foi remarcado para o dia 2 de maio.
Ao g1, o advogado de Maurício Sampaio, Thales Jayme, informou que a defesa anterior do cliente não alegou motivos para deixar o processo. Ele informou ainda que o réu, suspeito de ser o mandante do crime, tem total interesse que o julgamento seja realizado.
Valério Luiz foi morto a tiros no dia 5 de julho de 2012, na Rua C-38, Setor Serrinha, em Goiânia. Ele estava dentro do próprio carro, saindo da rádio em que trabalhava, quando foi baleado por um motociclista que passou pelo local.
A Polícia Civil investigou o caso e, em 26 de fevereiro de 2013, indiciou por homicídio:
- ex-vice-presidente do Atlético-GO e atual vice do conselho de administração do time, o cartorário Maurício Borges Sampaio, apontado como mandante;
- Urbano de Carvalho, acusado de contratar PM que teria matado Valério;
- Ademá Figueiredo, cabo da Polícia Militar acusado de ter sido contratado para matar o cronista;
- Marcus Vinícius Pereira Xavier, açougueiro que teria participado do planejamento do crime;
- Djalma da Silva, PM denunciado por atrapalhar as investigações.
Réus no caso do homicídio do radialista esportivo Valério Luiz — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Em 27 de março do mesmo ano, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) denunciou os cinco pelo mesmo crime.
Ricardo Naves, que representa Urbano, Ademá e Djalma, disse que “o júri deve, efetivamente, cumprir as condições mínimas de validade”. Ainda segundo ele, há grande expectativa que o julgamento seja realizado no dia 2 de maio: “Há uma ansiedade enorme para que acusações injustas tenham término definitivamente”.
O g1 pediu um posicionamento para a defesa de Marcus Vinícius Xavier, por mensagem de texto e por e-mail, às 10h30 desta segunda-feira, mas não houve resposta até a última atualização desta reportagem.
Processo
O caso chegou ao Tribunal de Justiça de Goiás e as audiências de instrução do processo começaram em 27 de maio também de 2013. À época, presididas pelo juiz Antônio Fernandes de Oliveira, da 2ª Vara Criminal de Goiânia.
Já em 13 de agosto de 2014, o juiz Lourival Machado da Costa, da 14ª Vara Criminal de Goiânia, decidiu que os cinco iriam a júri popular.
As defesas dos acusados recorreram, mas, em abril de 2015, o colegiado que analisou o pedido manteve a decisão tomada em primeira instância.
Os recursos levaram o caso até o Supremo Tribunal Federal (STF). Após duas decisões contra os réus e uma a favor, em fevereiro de 2018 foi mantida a decisão de que todos iriam a júri popular.
O caso foi para a 3ª Vara Criminal dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri, então presidida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara. O magistrado emitiu um despacho, em abril de 2019, dizendo que não havia estrutura para realizar um júri do tamanho que o caso exige.
Como solução, em outubro do mesmo ano, o juiz desmembrou o julgamento para que fosse possível realizá-lo. No entanto, cerca de dois meses depois, ele decidiu não presidir este júri.
O juiz Lourival Machado da Costa assumiu o caso e, em fevereiro de 2020, agendou o júri popular para o dia 23 de junho daquele ano. Quando a data finalmente chegou, o julgamento teve que ser adiado por causa da pandemia da Covid-19. Em novembro de 2021, o júri foi remarcado para esta segunda-feira, quando foi adiado novamente.
G1