Os líderes do G7 adotaram, neste domingo (13), um plano para doar um bilhão de doses de vacinas contra o coronavírus até o final de 2022, a fim de erradicar a pandemia, anunciou o primeiro-ministro britânico Boris Johnson. Os chefes de governo do grupo de potências democráticas estão reunidos em Carbis Bay, no sudoeste da Inglaterra.
“Pedi a meus colegas para ajudar a preparar e distribuir as doses necessárias para imunizar o mundo até o final de 2022”, disse o britânico numa entrevista coletiva.
“Os líderes estão comprometidos com mais de um bilhão de doses”, financiando-as ou por meio do dispositivo de compartilhamento Covax, afirmou.
“Os compromissos totais do G7 desde o início da pandemia preveem um total de mais de dois bilhões de doses de vacina, com os compromissos desde nosso último encontro em fevereiro de 2021, incluindo aqui na Baía de Carbis, prevendo um bilhão de doses no decorrer do próximo ano”, diz o documento oficial da reunião divulgado neste domingo (13). Não há ainda um detalhamento de quais serão exatamente os países beneficiados.
O governo britânico já havia divulgado durante a semana que os países integrantes do G7 anunciariam um plano de compartilhamento, financiamento e ampliação da produção de vacinas contra o coronavírus. Além do Reino Unido, integram o bloco Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos.
Impacto limitado
O plano do G7 de doação, no entanto, deve ter um impacto limitado porque inclui algumas promessas já anunciadas anteriormente, informa o jornal britânico “The Guardian”. A promessa G7 não representa recursos inteiramente novos, e a doação está aquém dos 5 a 6 bilhões de doses necessárias para as nações mais pobres. Além disso, o plano não aborda lacunas de distribuição que poderiam dificultar a entrega das doses.
Ainda assim, oferece algum alívio para o sistema global de compra de vacinas, disseram especialistas à agência Reuters.
A iniciativa dos EUA anunciada na quinta-feira para doar 500 milhões de doses da vacina Pfizer/ BioNTech faz parte dessa promessa do G7. Muitas das doses prometidas serão distribuídas por meio do Covax, o sistema global de compra de vacinas apoiado pela Organização Mundial da Saúde.
Mas especialistas disseram que ainda é um impulso muito necessário para o Covax, que até agora distribuiu apenas 83 milhões de doses em todo o mundo.
A Covax tem lutado para garantir entregas, já que as nações ricas reservam injeções suficientes para vacinar suas populações múltiplas vezes.
“Isso vai resgatar a Covax de sua situação terível agora, então é um passo muito significativo”, disse Stephen Morrison, diretor do Centro de Política de Saúde Global do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
A promessa de 100 milhões de doses do Reino Unido é “inteiramente nova”, de acordo com um porta-voz. Mas o compromisso de 100 milhões de doses da União Europeia foi prometido durante uma cúpula em maio, e o compromisso dos EUA substitui parcialmente as promessas anteriores de financiar diretamente o Covax.
Os EUA já doaram US$ 2 bilhões para o Covax, de acordo com um funcionário da Casa Branca. Em fevereiro, o governo Biden prometeu mais US$ 2 bilhões. Mas os US $ 2 bilhões adicionais vão agora financiar a compra das doses da Pfizer, junto com US $ 1,5 bilhão em fundos adicionais, de acordo com o funcionário.
Mesmo se as doses forem adquiridas e enviadas, elas correm o risco de sobrecarregar a infraestrutura de distribuição limitada dos países em desenvolvimento, especialmente se muitas forem entregues juntas no final deste ano, destaca o “Guardian”.
O Banco Mundial estendeu uma linha de crédito de US$ 12 bilhões aos países em desenvolvimento para construir uma infraestrutura de distribuição de vacinas, mas os governos retiraram apenas cerca de US$ 3 bilhões.
“Os países de baixa renda têm medo de aumentar o perfil de sua dívida, essa é a realidade”, disse Edwin Ikhuoria, diretor executivo da One Campaign, uma organização sem fins lucrativos com foco na pobreza e na saúde pública.
Outros argumentam que os países ricos deveriam encontrar uma maneira de despachar as doses mais rapidamente, especialmente porque algumas estão próximas do vencimento em países com altas taxas de vacinação, incluindo aquelas feitas pela Johnson & Johnson Inc.
“Quando você apenas vê o gráfico do aumento da cobertura de vacinação em países ricos e o ritmo acelerado em que isso tem acontecido, e quando você olha para o ritmo nos países em desenvolvimento, é gritante”, disse Kate Elder, consultor sênior de política de vacinas da Médicos Sem Fronteiras. “As doses são necessárias agora.”
Outras metas do G7
Os líderes reunidos na Cornualha também concordaram em trabalhar juntos para tentar colocar mais de 40 milhões de meninas em escolas em todo o mundo. Para isso, os países devem se unir para financiar uma iniciativa chamada Parceria Global para a Educação.
Segundo o premiê britânico, é uma “desgraça internacional” que crianças não consigam atingir seu pleno potencial devido ao acesso à educação.”Educar todas as crianças, especialmente as meninas, é uma das maneiras mais fáceis de tirar os países da pobreza e ajudá-los a se recuperar da crise do coronavírus”, acrescentou.
Juntos, os países do G7 são responsáveis por 20% das emissões globais de carbono. “Ficou claro neste fim de semana que a ação pelo clima precisa começar conosco”, disse Johnson. Ele afirmou que, embora seja “fantástico” que todos os países do G7 tenham se comprometido a eliminar suas emissões de gases de efeito estufa, eles precisam garantir que estão fazendo isso o mais rápido possível, além de ajudar os países em desenvolvimento a se moverem na mesma direção.
Questionado sobre a falta de um cronograma mais claro sobre os compromissos climáticos, o primeiro-ministro defendeu políticas sobre clima, informa a rede BBC. Segundo Johnson, embora não “finja que o trabalho está feito”, ele estará entre os líderes na cúpula climática COP26, que acontecerá na Escócia ainda neste ano.
China
Os líderes do G7 pediram ainda que a China “respeite os direitos humanos” da minoria muçulmana uigur na região de Xinjiang e em Hong Kong, embora estejam dispostos a cooperar com Pequim quando “for de interesse mútuo”.
“Pretendemos promover nossos valores, incluindo apelando à China a respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais em relação a Xinjiang e esses direitos, liberdades, bem como um grau significativo de autonomia em Hong Kong”, disseram os chefes de Estado.
G1