Documento enviado pelo Ministério da Saúde à CPI da Covid e obtido pela TV Globo mostra que o governo informou à Procuradoria da República no Distrito Federal que foram gastos R$ 23,3 milhões com campanhas de divulgação do chamado tratamento precoce contra Covid.
A manifestação do ministério foi enviada à Procuradoria em razão de uma apuração preliminar do Ministério Público sobre supostos atos de improbidade administrativa cometidos pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
Segundo o documento do ministério, a Assessoria de Comunicação Social da pasta gastou R$ 3,4 milhões, e a Secretaria de Comunicação da Presidência, R$ 19,9 milhões, totalizando R$ 23.383.984,60. O documento não especifica a data dos pagamentos nem o período das campanhas.
O tratamento precoce, por meio do uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina, é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro. No entanto, estudos científicos já comprovaram a ineficácia desses remédios contra a Covid.
Além disso:
- a Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que a cloroquina não deve ser usada como forma de prevenção;
- a Associação Médica Brasileira (AMB) diz que o uso de cloroquina e outros remédios sem eficácia contra Covid deve ser banido;
- a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) diz que a cloroquina não tem efeito e deve ser abandonada.
Plano de comunicação
Conforme um outro documento do Ministério da Saúde, enviado à CPI da Covid e também obtido pela TV Globo, a pasta organizou um plano de comunicação no qual havia a previsão de divulgar, entre outras coisas, o tratamento precoce.
Esse documento mostra os mesmos números informados pelo governo à Procuradoria.
De acordo com esse plano, foram duas campanhas, uma com gastos do próprio ministério e outra com despesas pagas pela Secretaria de Comunicação da Presidência.
Esse documento informa que a campanha da Presidência teria como tema “Cuidado e Tratamento Precoce”; custaria R$ 19,9 milhões; e seria veiculada entre 17 de outubro e 30 de novembro em TV, rádio, internet, ônibus, terminais rodoviários, metrô, aeroporto e “mobiliário urbano”.
A outra campanha, do ministério, teria o mesmo tema; custaria R$ 3,4 milhões; e seria veiculada entre 25 de outubro e 20 de novembro em internet; ônibus; terminais rodoviários; metrô; e salões de beleza.
O documento também elenca “mensagens-chave”, a fim de se adotar um “trabalho mais elaborado de comunicação”. Essas mensagens envolvem campanha de vacinação; distanciamento social e uso de máscaras; tratamento médico; e discurso proativo.
G1