O trânsito nas ruas das cidades pode ser extremamente perigoso. De acordo com estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil está na quarta posição entre os países com mais mortes em acidentes de trânsito no mundo. O top-3 é composto por China, Índia e Nigéria, os dois primeiros são países com mais de um bilhão de habitantes, enquanto no Brasil são pouco mais de 210 milhões de habitantes.
Em Goiânia, as maiores vítimas dos acidentes de trânsito são os motociclistas. Em 2020, 182 vítimas fatais eram motociclistas (condutores ou passageiros), o número corresponde a 58% do total de óbitos. O número de vítimas fatais foi menor se comparado a 2019, quando 212 motociclistas morreram por conta de acidentes de trânsito.
Um estudo da Confederação Nacional de Municípios (CNM), realizado em 2018, apontou que Goiânia conta com a 6ª maior frota de carros do Brasil. Em relação às motos, a capital ocupa o 4º lugar no ranking. Apesar de ocupar posições altas no ranking de carros e motos em circulação, Goiânia conta apenas com a 11ª maior população do país.
Em entrevista ao Jornal Opção, Nilda Andrade, delegada titular da Delegacia Especializada em Investigação de Crimes de Trânsito de Goiânia (DICT), comentou sobre os números registrados em 2020. Para a delegada, analisando os inquéritos que chegam a delegacia, as principais causas dos acidentes são o desrespeito a sinalização e o excesso de velocidade. A delegada aponta que o alto número de motos circulando no trânsito é consequência do transporte coletivo ruim da cidade.
“Em razão da moto ser um veículo barato e que gasta pouco combustível, os jovens compram as suas motos em virtude do transporte público não ser de qualidade. Os proprietários são jovens que entram no mercado de trabalho e não tem preparo para enfrentar o trânsito, então eles compram as motos em função do transporte público ser ruim. Uma parte nem carteira de habilitação possui”, pontuou a delegada.
A delegada atenta para um fato importante sobre os números. O levantamento traz apenas o número de vítimas fatais, casos em que a Polícia Civil foi acionada. No entanto, houve também acidentes em que motociclistas sofrem fraturas, sequelas por conta dos acidentes e ficam sem dirigir os seus veículos. “Ortopedia não é da noite para o dia, as pessoas ficam andando de muleta, põem as gaiolas na perna e depois vão para reabilitação com fisioterapia, não é uma recuperação rápida”, apontou.
Em 2020, houve o início da pandemia causada pelo coronavírus. Apesar da quantidade menor de óbitos no número absoluto (212×182), proporcionalmente houve aumento (58% x 53%). A delegada aponta que não se tem o número total de acidentes, mas que em sua percepção o número parece ter sido maior. No entanto, Nilda Andrade explica que os dados da delegacia são apenas os casos que passaram pela Polícia Civil.
A falta de campanhas de conscientização no trânsito é apontada pela delegada como um dos motivos para o número de acidentes. No entanto, as campanhas sozinhas não fazem milagres, a partir delas é necessário que haja conscientização de todos no trânsito e não apenas dos motociclistas. “A questão da conscientização, da mudança de comportamento, não é só do motociclista. O motociclista é a parte mais frágil da relação, por isso que ele se faz mais vítima. Se obedecer a legislação de trânsito a pessoa não se envolve fácil em acidente de trânsito. No trânsito eu tenho que cumprir a legislação para me proteger e proteger o outro”, explicou.
Jornal Opção